Queda de estruturas, inundações e arrastamentos: tempestade nos Açores será "bastante violenta"
Em declarações à TSF, o coordenador dos estudos do clima da Universidade dos Açores, Eduardo Brito de Azevedo, alerta que a passagem do ciclone Gabrielle constitui uma "circunstância bastante perigosa para as populações"
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A passagem do ciclone tropical Gabrielle nos Açores pode causar vários estragos, devido à força do vento e chuva e à elevação do nível de águas, alerta o coordenador dos estudos do clima da Universidade dos Açores, Eduardo Brito de Azevedo.
Os primeiros efeitos do ciclone devem começar a sentir-se nos Açores a partir do final do dia desta quinta-feira, sendo esperado que atinja a região com força de furacão de categoria 1 na escala de Saffir-Simpson (escala de 1 a 5, em que 5 é a categoria mais grave).
Em declarações à TSF, o climatologista explica que, apesar de tudo, a tempestade será "bastante violenta", sendo que os riscos associados variam consoante as "geografias percorridas pelo furacão".
"Se associarmos ao vento — que normalmente são ventos fortes, superiores a 120 km por hora — à precipitação que é trazida — na medida em que o furacão desenvolve bastante a precipitação por via da água que evapora à sua passagem e pela sua condensação em altitude — e à elevação do nível do mar, que chamamos o Storm Surge, à passagem do furacão por via de baixa pressão, temos aqui uma circunstância bastante perigosa para as populações", argumenta.
Eduardo Brito de Azedo adianta, por isso, que os principais estragos que podem ser esperados são a queda de estruturas, inundações e arrastamentos, pelo que a população é aconselhada a não sair de casa durante a passagem do furacão.
O Governo dos Açores determinou o encerramento das escolas e serviços públicos nas sete ilhas do grupo Ocidental e Central das 18h00 de quinta-feira até às 18h00 de sexta-feira, devido ao ciclone tropical Gabrielle.
Segundo um ponto de situação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) na noite de quarta-feira, a categoria do furacão tinha já descido para 2, encontrando-se o Gabrielle a 1630 quilómetros a oeste do grupo Ocidental do arquipélago (ilhas das Flores e do Corvo).
É entre este grupo e o grupo Central (Pico, Faial, Graciosa, São Jorge e Terceira) que deverá passar o centro do ciclone.
No grupo Ocidental “a precipitação será forte, o vento com rajadas até 150 quilómetros/hora de sul, a rodar para norte, e a agitação marítima com ondas entre os oito e 10 metros de altura significativa, podendo a onda máxima atingir os 14 a 18 metros”.
Para o grupo Central está também prevista precipitação por vezes fortes e vento com rajadas que poderão atingir os 200 quilómetros/hora de sul, a rodar para noroeste. A agitação marítima esperada é a mesma do que nas ilhas das Flores e do Corvo.
São Miguel e Santa Maria (grupo Oriental) terão também chuva e rajadas até 90 quilómetros/hora, com a ondulação a variar entre os seis e sete metros de altura significativa.
As ilhas dos grupos Ocidental e Central vão estar sob diferentes avisos vermelhos devido às previsões a partir das 00h00 de sexta-feira e até às 06h00, 09h00 ou 12h00.
