"Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele." PS insta Montenegro a definir posição sobre futuros acordos com Chega

João Torres
Reinaldo Rodrigues/Global Imagens (arquivo)
O secretário-geral adjunto socialista censurou as recentes posições do líder do PSD sobre a imigração, colando-as ao partido de André Ventura.
Corpo do artigo
O Partido Socialista (PS) insta Luís Montenegro a esclarecer, de uma vez por todas, se pretende aliar-se ao Chega. O repto foi deixado pelo secretário-geral adjunto do PS, João Torres, este sábado, no Fórum das Migrações, organizado pelo partido.
Lembrando as recentes declarações feitas pelo líder do PSD sobre a imigração - em que afirmou que Portugal deve receber imigrantes "de forma regulada" e "procurar pelo mundo" as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses, tendo, depois, declarado ser "escandaloso" que o acusem de xenofobia -, João Torres faz um aviso a Montenegro.
"Não se pode confiar em quem às segundas, quartas, e sextas, defende o mesmo que a força política mais reacionária do espetro político português e, depois, às terças quintas e sábados, se mostra indignado por ser confrontado com a lamentável deriva ideológica em que quis mergulhar", atirou o secretário-geral adjunto do PS.
"Face às suas últimas declarações, em que, na prática, defende o mesmo que o Chega, é necessário lembrar ao líder do PSD um velho e sábio preceito do nosso povo: "Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele", declarou.
Na visão de João Torres, a direita democrática "tem o dever moral de não se deixar contaminar" por discursos perigosos, e, por isso, afirma que "é altura, e já vem tarde" de o líder do maior partido da oposição "esclarecer os portugueses, de uma vez por todas, e dizer até onde está disposto a ir na relação com a extrema-direita. Não pode fugir mais a essa questão".
Também o ministro da Administração Interna, que marcou igualmente presença na abertura do Fórum das Migrações do PS, lembrou que Portugal é um país com tradição de emigrar e, por isso, sabe a importância de acolher quem vem à procura de uma vida melhor. Deixando o recado à direita, o ministro censurou aqueles que não têm uma visão humanista da imigração.
"Essa experiência que temos, que é uma experiência de séculos e que nos atribui especiais responsabilidades na compreensão dos outros, fez com que Portugal tenha interiorizado esta visão humanista. E todos aqueles que, publicamente, fazem afirmações que colocam em causa esta visão humanista não pode considerar-se respeitadores daquela que é uma tradição profunda do povo português", declarou.