"Quem ultrapassou linhas vermelhas foi Lukashenko." Costa acusa regime bielorrusso de ter medo da democracia
Ao lado do secretário-geral da NATO, o primeiro-ministro sublinhou que "é preciso estar muito frágil internamente, para se chegar a este ponto de intervenção".
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António Costa responde ao presidente da Bielorrússia e diz que quem ultrapassou linhas vermelhas foi Alexander Lukashenko. Depois das sanções da União Europeia, o responsável pelo regime alegou que os países estrangeiros foram longe de mais, mas o primeiro-ministro português reafirma que a ação da Bielorrússia "é absolutamente inaceitável".
Ao lado do secretário-geral da NATO, que visita Portugal, António Costa considerou que o ato da Bielorrússia demonstra que Lukashenko se sente ameaçado pela democracia.
"Quem ultrapassou todas as linhas vermelhas possíveis e imagináveis foi a Bielorrússia e o Presidente Lukashenko. É preciso sentir-se muito ameaçado pelas forças democráticas internas para desencadear um ato absolutamente inimaginável ao permitir-se proceder a um desvio de um avião civil, que se desloca entre duas capitais europeias, duas capitais da NATO, com o exclusivo objetivo de deter um jornalista e a sua companheira", retorquiu.
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O primeiro-ministro sublinhou ainda que "é preciso estar muito frágil internamente, para se chegar a este ponto de intervenção".
"É absolutamente inaceitável aquilo que foi feito, dos pontos de vista da lei internacional e da proteção dos direitos humanos. Por isso, a União Europeia tomou uma posição muito clara, em primeiro lugar interditando o uso do espaço aéreo europeu por qualquer aeronave da Bielorrússia", acrescentou.
Os líderes da União Europeia decidiram "banir a entrada no espaço aéreo europeu de companhias aéreas da Bielorrússia" e "pedir às companhias aéreas sediadas na União Europeia para evitarem sobrevoar a Bielorrússia" e ainda "adotar novas sanções económicas específicas" contra a Bielorrússia. As medidas foram reforçadas por António Costa, lembrando que "a União Europeia reafirmou todas as sanções já aplicadas anteriormente".
O secretário-geral da NATO concorda com as sanções que a União Europeia aplicou à Bielorrússia. JensStoltenberg sublinhou que foram atacados direitos fundamentais.
"Esta ação revela que o regime em Minsk está a ir longe demais, quebrando as próprias forças democráticas do país. Este é um ataque não só a direitos fundamentais, mas também à importante liberdade de imprensa", disse.
No domingo, um avião da companhia irlandesa Ryanair foi desviado pelas autoridades da Bielorrússia, que forçaram a sua aterragem em Minsk, onde o jornalista Roman Protasevich, opositor do regime bielorrusso, foi detido.
O avião viajava entre as capitais da Grécia e da Lituânia - dois países membros da União Europeia e da NATO - atravessando espaço aéreo da Bielorrússia.
Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, vai participar no Conselho de Estado, convidado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
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