Quer adotar um cão ou um gato? Centro de Recolha Animal de Faro leva escolas a conhecer os animais abandonados
Em 2022, foram recolhidos 42 mil animais errantes em todo o país
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Os veterinários e toda a equipa do Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA) de Faro já estão a postos para receber a escola. Antes de começar a visita, a veterinária Helena Arco quer saber quem tem medo de animais. "Algum de vocês tem medo de cães? Quero braços no ar", desafia. Duas crianças levantam o braço e mais duas confessam que também têm medo de gatos. Não há problema, garante a veterinária, porque todos os animais estão dentro de boxes.
As crianças começam por fazer uma visita guiada ao local. Logo à entrada, está um enorme placard com fotografias de cães e gatos que ali se encontram, bem como daqueles que já foram adotados. Passam pelas diferentes divisões do centro: a sala onde se fazem as cirurgias e os tratamentos, noutra veem alguns gatos nas suas jaulas e é permitido fazer-lhes algumas festas. "A Sky tem três patinhas, foi atropelada e teve de se fazer a amputação da pata, mas está fresca, fofa, corre e salta", conta Helena.
Lá fora, sentados no chão, os miúdos assistem a um vídeo sobre como comportar-se com os animais para que não haja qualquer acidente. "Não se toca nos animais quando eles estão a comer", adverte a veterinária.
Por fim, visitam o sítio dos cães. Há 60 no centro, muitos deles de grande porte, e 31 gatos. Todos estão disponíveis para adoção. "Maioritariamente são animais que estão na rua, abandonados, são animais errantes", explica à TSF o veterinário Rúben Jerónimo. Muitos deles são entregues pelos donos, mas há já quem tenha deixado um animal amarrado à porta do centro e se tenha ido embora.
Verificam-se muitos abandonos de animais mais velhos. "O que noto mais é que neste período de verão o número de adoções baixam mais, mas o abandono existe todo o ano", assegura a veterinária.
Por esse motivo, a ideia de levar as escolas e outras instituições ao CROA é uma forma de fomentar novas adopções "para que eles cheguem a casa, falem com os pais e passem a mensagem", afirma Rúben Jerónimo. Embora pretendessem que houvesse mais adoções, "os números têm sido francamente bons". Num ano e meio de existência daquele centro já foram adotados 238 animais, entre cães e gatos.
No final da visita, as crianças vão ainda ver e brincar com Leo, um cão que aguenta estoicamente as inúmeras mãos que querem pegar nele e fazer-lhe festas. Retribui com inúmeras lambidelas na cara dos miúdos.
Quando sair dali o Tomás, com seis anos, por enquanto, talvez não adote um destes animais. Já tem um cão e fala dos animais da família com carinho. "A minha tia tem dois gatinhos, a minha bisavó tem um passarinho e o meu avô tem um cão que se chama Pandi. O cão dos meus tios chama-se Bolota", realça. "O meu cão é o Yuca e é muito fofinho", diz embevecido. Entre todas as outras crianças do grupo, quando dali saíram, ficou a vontade de ter um bicho de quem tratar e fazer festas em casa.
Abandonar um animal é crime e dá pena de prisão até seis meses. Os últimos dados conhecidos do relatório Anual de Atividade dos Centros de Recolha Oficial elaborados pelo Instituto de Conservação da Natureza são os de 2022 e assinalam que foram recolhidos perto de 42 mil animais em todo o país.