As queixas dos utentes do Metropolitano de Lisboa sucedem-se. As dificuldades de adquirir bilhetes estão a dar lugar a várias reclamações, mas até para apresentar queixa é preciso ir para a fila.
Corpo do artigo
A expressão de Susana não engana. Está irritada e é por isso que pede à funcionária do Metropolitano de Lisboa o livro de reclamações. Mas vai ter de esperar, já que nesta altura, outra utente está fazer queixa. Enquanto aguarda pela vez, Susana explica que vai reclamar "porque não há cartões na máquina e está uma fila deste tamanho já há vários dias". É a única forma de comprar título de transporte na estação do Campo Grande: ir para a bilheteira e sujeitar-se às filas que neste dia tem mais de 30 pessoas.
A funcionária do Metropolitano responsável pelo livro de reclamações não tem mãos a medir. Enquanto conversa com Susana é abordada por outra utente: "as máquinas não estão a funcionar, não?". A funcionária explica que sim, funcionam, mas apenas para recarregamentos. O problema arrasta-se já há algum tempo e é justificado pela empresa contratada pela Metropolitano de Lisboa com falhas nas entregas de cartões Lisboa Viva.
Indiferente às justificações, Zaneve Santos acaba de fazer uma reclamação. Explica que chegou da Ericeira para uma reunião importante e deparou-se com uma fila para comprar um bilhete que, em condições normais, demoraria "cinco minutos". Mas valeu a pena reclamar, já que a reclamação "permitiu adquirir um bilhete mais rápido".
Tanto Zaneve como Susana tiveram mais sorte do que outros utentes que já há algum tempo aguardavam na fila. O segurança informa-os que só parte das pessoas que aguardam em frente à bilheteira será atendida. Um utente explica que as bilheteiras só reabrem às 14h. São 11h.
O cenário repete-se noutras estações da linha do metro. Por exemplo no Marquês de Pombal, ou até mesmo na estação que serve de porta de entrada de boa parte dos cidadãos estrangeiros que visitam o país. Fernanda, cidadã brasileira, queixa-se "das dificuldades para obter explicações" e considera que é incompreensível que estando "Portugal a tornar-se um lugar muito turístico" a qualidade das informações "seja precária".
Num esclarecimento prestado à TSF nos últimos dias, a administração do Metropolitano de Lisboa sublinha "que foram tomadas medidas com vista a minimizar as consequências para os seus clientes que viajam recorrendo a títulos ocasionais".
Entre as medidas adotadas a empresa refere que "vão estar em funcionamento balcões de venda de títulos ocasionais em todas as estações do Metropolitano de Lisboa em substituição das máquinas automáticas, as quais, se manterão em funcionamento para recarregamento de títulos".