
Colonoscopia
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A situação é absurda, afirma a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, que acusa o Ministério de aceitar que clínicas privadas façam colonoscopias para o Serviço Nacional de Saúde com um diretor técnico sem conhecimentos na área.
A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) acusa o Ministério da Saúde de pôr em causa a segurança dos doentes que fazem colonoscopias. Em causa está o concurso que continua por fechar para decidir as clínicas e hospitais privados que vão fazer estes exames para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), sem meios para responder a todos os utentes.
O problema, segundo a SPG, é que o júri deste concurso está a aceitar candidaturas de privados em que o diretor técnico responsável pelas colonoscopias é médico mas nada tem a ver com a especialidade.
O presidente da SPG diz que a situação é absurda e recorda: "a única especialidade que dá formação nesta área é a Gastrenterologia pelo que é impensável ter, como já detetámos, radiologistas, obstretas e médicos de medicina geral como diretores técnicos de unidades de endoscopia digestiva...". Propostas que segundo José Cotter não foram chumbadas pelo júri apesar de esta ser a pessoa "responsável por tudo o que se faz" num exame deste tipo.
O representante dos gastrentrelogistas diz que em causa está a qualidade das colonoscopias e a segurança dos doentes, dando o exemplo "absurdo" de uma "farmácia dirigida por um arquiteto ou um engenheiro...". "Seria como por um gastrentrelogista a dirigir um bloco de partos ou uma unidade de cirurgia cardíaca".
José Cotter acusa o ministério de tentar responder "a todo o custo, depois do alarido mediático, sem olhar à qualidade e à segurança dos pacientes, à falta de colonoscopias no serviço publico".
Contactados pela TSF, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, que conduzem o concurso, respondem dizendo que os requisitos dos diretores técnicos são uma "matéria da competência do júri, que tem responsabilidade de dar cumprimento aos requisitos estabelecidos no Programa de Concurso, cuja atuação se pauta pelo estabelecido no direito da contratação pública".
As candidaturas para os privados que querem fazer colonoscopias pelo SNS fecharam em junho, mas ainda não se conhecem resultados. O ministério já divulgou que recebeu 170 propostas, cujos diretores técnicos chegaram agora ao conhecimento da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.