O antigo presidente da República Ramalho Eanes considerou hoje «inaceitável e inadmissível» que haja pessoas, sobretudo crianças, a passar fome em Portugal.
Corpo do artigo
«É inaceitável, é inadmissível, já não em termos democráticos, mas em termos de sociedade, em termos de humanização, que haja cidadãos, sobretudo crianças, que não tenham direito àquilo que é fundamental», nomeadamente o direito à alimentação, disse o antigo presidente da República, à margem das comemorações do 37.º aniversário do 25 de novembro de 1975.
Também presente nas comemorações, o ex-chefe de Estado-Maior do Exército disse, à margem da iniciativa, que vê com «grande apreensão» as dificuldades que os portugueses estão a viver e que «são fruto das circunstâncias» que o país vive.
«Valeu a pena tudo aquilo que se construiu até hoje», após o 25 de abril de 1974, mas «todos aqueles que viveram este período vêem com grande apreensão as dificuldades que o país vive hoje», afirmou o general Pinto Ramalho.
«Estas dificuldades dizem respeito a todos os portugueses, que precisam de entender a razão dos sacríficos que estão a fazer, a sua finalidade e, sobretudo, terem "a perceção de que esses sacrifícios valem a pena», sublinhou.
Vários militares que protagonizaram o golpe militar de 25 de novembro, que pôs fim à influência da esquerda militar radical no período revolucionário iniciado com o 25 de abril, marcaram hoje presenças nas comemorações da efeméride no Centro de Tropas Comandos na Serra da Carregueira, em Sintra.
Ramalho Eanes disse que a sua presença nas celebrações teve dois propósitos: «o primeiro é homenagear dois portugueses comandos que morreram em prol da democracia, o segundo é para lembrar que revisitar a história é muito importante».
Para Ramalho Eanes, «a autêntica democracia é um propósito tão elevado que poucos são os povos que conseguem chegar lá», mas revelou que desejava essa democracia para Portugal.
«É isso que quero para o meu país, por todas as razões, porque sou português, nasci aqui e porque vou continuar aqui mesmo depois de morrer através dos meus filhos», sublinhou.