No dia em que se cumprem 30 anos da adesão de Portugal à CEE, o Presidente da República diz que a fase inicial foi muito boa. O problema têm sido os últimos quinze anos.
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Ramalho Eanes está convencido que Portugal tem de aprender com os erros que cometeu nas últimas décadas, desde que entrou na antiga Comunidade Económica Europeia, agora União Europeia.
Palavras do antigo chefe de Estado no dia em que passam 30 anos da assinatura, no Mosteiro dos Jerónimos, do Tratado de Adesão.
Um momento histórico, que acabou com oito anos de espera desde o primeiro pedido de Lisboa para entrar no "clube" europeu.
Ramalho Eanes era o Presidente que marcava presença na cerimónia. À TSF recordou a esperança que marcou aquele dia.
"Infelizmente, aquilo que se admitia que viria a acontecer, só em parte se verificou. O país modernizou-se e desenvolveu-se, a democracia consolidou-se. Tudo isto se deve em grande parte à União Europeia".
O pior, diz Ramalho Eanes, veio depois. " O problema surgiu em 2001. Fomos fundadores do euro, mas não conseguimos assumir as consequências plenas dessa condição. As coisas têm corrido francamente mal. Os últimos 15 anos foram nefastos".
Ramalho Eanes divide a presença de Portugal na União Europeia em duas fases. Uma primeira, muito boa. Uma segunda, muito má. Mas mesmo assim valeu a pena assinar o Tratado de Adesão. Aquilo que falhou foi, em grande parte, culpa nossa.
"Se as coisas correram menos bem, em grande parte foi culpa nossa. O que se impunha que nós refletíssemos sobre o passado, era para ver os erros cometidos, para podermos desenhar uma estratégia que permita responder aos grandes desafios e dar uma resposta satisfatória às esperanças dos portugueses".
Na opinião de Ramalho Eanes, o passado serve para tirar lições e procurar ensinamentos em vez de se apontar bodes expiatórios.