Em entrevista à TSF, José Ramos-Horta considera que atualmente Timor Leste é um país estável e seguro. Um balanço feito no dia em que termina a missão da ONU no país, há 13 anos em Timor.
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O antigo Presidente da República e ex-primeiro-ministro timorense classifica de positiva a presença dos cerca de três mil militares, polícias e civis que estão no território desde 2006 ao serviço da ONU, numa missão que teve como grande objetivo a manutenção da segurança.
Em declarações à TSF, José Ramos-Horta considera que Timor Leste é hoje um país estável e seguro, capaz de enfrentar novos desafios.
«Hoje o país está tranquilo, não prevejo desafios maiores para além dos desafios normais. É altura de todos nós, em particular quem está no poder, de dar ao povo o que é prometido: a luta contra a pobreza, desenvolvimento de infraestruturas que criarão emprego, maior apoio a investimento na área da saúde e educação», afirmou.
Também Ana Gomes, antiga embaixadora de Portugal em Timor, acredita que o país está preparado para seguir em frente sem o apoio reforçado das Nações Unidas.
«A prova disso foi o último ato eleitoral, onde eu estive, e que foi absolutamente impecável, já organizado pelos timoreneses, em resultado da aprendizagem que fizeram com essa assistência da comunidade internacional e das Nações Unidas em particular», declarou à TSF.
Esta segunda-feira chega ao fim a missão das Nações Unidas no país, depois de 13 anos. Um fim que Ramos-Horta espera não seja definitivo.
A história começou em maio de 1999, quando nasceu a UNAMET que organizou o referendo no qual os timorenses escolheram a independência. Um resultado que levou ao Setembro Negro de Timor, com as milícias indonésias a provocarem milhares de mortos e deslocados.
Na altura, a maioria do pessoal das Nações Unidas fugiu de Díli, deixando a sede da UNAMET abandonada. A violência só parou quando o então presidente indonésio, Habibi, aceitou uma força internacional, saída de uma resolução do conselho de segurança da ONU.
Seguiu-se um grupo liderado pelo brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que pela primeira vez na história da ONU, tinha funções de gestão de um território.
Foram organizadas eleições presidenciais e para a assembleia constituinte mas, em 2006, uma nova crise política e militar obriga ao envio de mais uma força internacional liderada pela Austrália e que integra militares da GNR.
No ano passado, o comando das operações policiais foi transferido para a polícia de Timor e a forma considerada livre e justa como decorreram as eleições este ano, levaram a ONU a despedir-se do país, ao fim de cinco missões em 13 anos.