Os trabalhadores avisam que a associação está em risco de encerrar por não ter acesso às contas bancárias.
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Numa declaração pública na Casa dos Marcos, na Moita, a coordenadora da associação que representa os trabalhadores, Manuela Duarte Neves, explicou que a associação Raríssimas deixou de ter acesso às contas bancárias desde a demissão da presidente, Paula Brito e Costa, na terça-feira.
"Corremos o risco de fechar porque não temos dinheiro por muito tempo para dar comida. Corremos o risco de fechar porque não temos dinheiro por muito tempo para dar medicamentos" aos quase 200 utentes da associação, disse.
A responsável apelou ao primeiro-ministro, António Costa, para que envie para a Casa dos Marcos "uma comissão de gestão ou uma direção provisória que possa fazer funcionar a casa". A Casa dos Marcos, afirmou Manuela Duarte Neves, "paralisou por falta de capacidade de tomar decisões", já que não existe ninguém atualmente que possa "decidir com legitimidade".
A declaração foi feita ao mesmo tempo que foi publicada uma posição dos trabalhadores nas redes sociais, na qual se demarcam da atuação da ex-presidente da Raríssimas.
A Raríssimas vive dias muito conturbados por causas completamente alheias e estranhas aos colaboradores da Casa dos Marcos, que correm agora o risco de ver o trabalho posto em causa, referem. Sublinhando que é preciso "não confundir a causa com atitudes menos lícitas por parte de uma pessoa", os trabalhadores pedem para não serem os doentes e os trabalhadores a pagar "uma fatura que não é sua".
Segundo asseguram, a Raríssimas tem "todas as condições para continuar a funcionar regularmente, com excelentes serviços" e "com rigor ético", mas é necessário que o Governo "coloque em funções uma direção isenta, rigorosa e sem conflitos de interesse".
Entretanto, também a presidente da Mesa da Assembleia Geral da Raríssimas, numa nota enviada à TSF, disse que está a aguardar "que os diretores remanescentes solicitem a convocação de uma assembleia geral para proceder à designação dos membros dos órgãos sociais em falta, até ao final do mandato em curso 82016-2019)".
Paula Olavo Cunha acrescenta que a convocação de uma assembleia geral não acontecer "até ao final do dia de hoje", vai "proceder à convocação direta da assembleia geral para esse efeito".
Uma reportagem emitida pela TVI na segunda-feira denunciou o alegado uso, pela presidente, de dinheiro da associação de ajuda a pessoas com doenças raras Raríssimas para fins pessoais.
Na reportagem era também adiantado que o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, foi contratado entre 2013 e 2014 pela Raríssimas, com um vencimento de três mil euros por mês, tendo recebido um total de 63 mil euros.
Paula Brito e Costa e Manuel Delgado anunciaram na terça-feira que se demitiam dos respetivos cargos.