RASI: ministras presentes em reunião em que foi aprovada retirada de capítulo sobre extrema-direita
O capítulo sobre "ameaças híbridas e extremismos" foi retirado na versão final do RASI e a decisão foi tomada numa reunião do Gabinete Nacional de Segurança, a 21 de março. Nesse encontro, estiveram as ministras da Justiça, Rita Júdice, e da Administração Interna, Margarida Blasco
Corpo do artigo
As ministras da Justiça e da Administração Interna estiveram presentes na reunião em que foi aprovada a retirada do capítulo sobre a extrema-direita no Relatório de Anual de Segurança Interna (RASI). O Diário de Notícias (DN) adianta que o encontro, onde foi apresentada a versão de trabalho do RASI, contou com as ministras Rita Júdice e Margarida Blasco, que estiveram na reunião do Gabinete Nacional de Segurança como convidadas. Foi nesse encontro que se aprovou um "apagão" sobre a extrema-direita em Portugal.
Na versão de trabalho do RASI, havia um capítulo com cinco páginas que dava conta da atividade em Portugal de um grupo de extrema-direita classificado como terrorista em alguns países. O capítulo sobre "ameaças híbridas e extremismos" foi retirado na versão final do RASI e, pelo que conta o DN, citando a secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, a decisão foi tomada numa reunião do Gabinete Nacional de Segurança, a 21 de março. Nesse encontro, estiveram as ministras da Justiça, Rita Júdice, e da Administração Interna, Margarida Blasco.
No encontro, foi apresentada a versão de trabalho e o secretário-geral do Sistema de informações, Vítor Sereno, terá manifestado reservas sobre a publicação do capítulo. O tema dividiu as forças e serviços de segurança e a opção foi a retirada do capítulo na totalidade.
O Bloco de Esquerda já tinha questionado a MAI sobre este "apagão". Na altura, Margarida Blasco garantiu que desconhecia, em absoluto, a existência de qualquer versão do RASI que não a versão oficial.
Contactado pela TSF, o gabinete da ministra da Justiça refere que Rita Júdice nunca comentou o RASI e vai continuar sem fazer comentários.
Do documento remetido a 1 de abril ao Parlamento, e disponível online na página do Governo, não constam as páginas 35 a 39 que estavam na versão inicial, referentes ao capítulo "extremismos e ameaças híbridas", e que alertavam para a existência, sem especificar, de uma representação de uma organização extremista internacional em Portugal, classificada em vários países como organização terrorista.
Esta organização, acrescentava o relatório preliminar, promove encontros através de eventos musicais, incluindo em território nacional, e que funcionam como método de recrutamento de militantes e como forma de financiamento para produção de material de propaganda, por exemplo.
Habitualmente, o RASI é apresentado depois da reunião do Conselho Superior de Segurança Interna pelo secretário-geral do SSI, juntamente com os ministros da Administração Interna e da Justiça, o que não aconteceu este ano. A 31 de março, foi o primeiro-ministro, Luís Montenegro, quem falou durante a conferência de imprensa, sem revelar o documento final e tendo respondido apenas a uma pergunta dos jornalistas.