A curva de contágio não se alterou "significativamente", quando Portugal reabriu as escolas para o ensino secundário.
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A Escola Nacional de Saúde Pública quer "um regresso seguro à escola", entre enfrentar as realidades e antecipar soluções. Na reunião entre peritos e políticos, Carla Nunes garantiu que com medidas adequadas, as escolas não serão ambientes de propagação mais eficazes do que outros locais.
"Existem estudos positivos e negativos sobre o impacto da reabertura de escolas nos níveis de transmissão na comunidade. Ainda assim, as evidências sugerem que a reabertura de escolas não foi associada a aumentos significativos na transmissão comunitária.
Os investigadores fizeram uma comparação do regresso em vários países. Dos 15 países que responderam ao questionário ECDC, seis reportaram surtos em escolas e nove não identificaram qualquer rede de contágios.
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Carla Nunes adianta que, quando Portugal reabriu as escolas para o ensino secundário, a curva de contágio não se alterou significativamente.
"Não houve um efeito nestas crianças", garante.
A Escola Nacional de Saúde Pública lembrou, ainda assim, o caso israelita. Israel fechou as escolas a 13 de março e voltou a reabrir os estabelecimentos em 17 de maio. Carla Nunes adianta que em 15 dias, as escolas do país contabilizavam 260 casos: 153 alunos, e 25 funcionários.
"As escolas abriram com as condições pré-Covid. O número de alunos por turma eram os mesmos, as salas foram pouco arejadas, e o uso de máscara foi revertido devido às ondas de colar."
Dos 134 países que encerraram escolas, 105 já voltaram a abrir os estabelecimentos de ensino. "Todos falam em uso de máscara, regras específicas para atividades específicas", afirmou Carla Nunes.
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Em França o regresso às aulas deu-se a 1 de setembro. Seis dias depois, estão 22 estabelecimentos encerrados, em mais de 60 mil.
A investigadora garante ainda que o aumento de casos a partir de agosto não pode ser atribuído às escolas, mas sim "às festas e eventos realizados durante o verão".
Modelo matemático para evitar segunda vaga
Manuel do Carmo Gomes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, apresentou, no Porto, o seu modelo matemático sobre uma possível segunda onda. O especialista conclui que é possível evitar um aumento de casos com o regresso às aulas.
Manuel do Carmo Gomes apela ao distanciamento físico e ao uso de máscara nos estabelecimentos escolares.
O modelo matemático apresentado alerta que, se os contactos interpessoais entre a comunidade escolar forem idênticos a uma situação pré-Covid, há riscos de uma segunda vaga. Ainda assim, o investigador diz que tudo pode ser evitado.
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"Se apenas 50% a 30% dos contactos escolares pré-Covid forem mantidos, a segunda onda pode ser evitada, assumindo aproximadamente 50% dos contactos pré-Covid no resto da sociedade", referiu o especialista.
Manuel Gomes alerta que para o sucesso, as medidas de contenção de contágio são fulcrais. É necessário ventilar salas e áreas partilhadas, evitando também espaços fechados.
O especialista defende ainda que o ensino deverá ser flexibilizado. O docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa considera que o apoio virtual deve ser mantido, apesar da importância do ensino presencial.