"Recuo" na digitalização das escolas. Ministério pede a alunos e professores que devolvam routers e cartões de internet
Em declarações à TSF, Filinto Lima avança que os diretores escolares vão tentar reverter a decisão da tutela
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Os diretores escolares prometem fazer de tudo para reverter a decisão do Ministério da Educação, que pediu às escolas que recolham os routers e cartões de internet usados por professores e alunos. O Jornal de Notícias escreve, esta quinta-feira, que só os estudantes com ação social escolar, os que têm manuais digitais ou os que vão ter provas digitais no final do ano vão manter fora das escolas o acesso à internet em routers.
Em declarações à TSF, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, lança um apelo à tutela: é preciso que cheguem com urgência mais computadores às escolas
"Iremos tentar que essa decisão do Conselho de Ministros seja revertida e também iremos chamar a atenção para os imensos computadores que estão avariados nas escolas, que estão à espera de reparação, mas estão amontoados em alguns espaços comuns das nossas escolas", garante à TSF Filinto Lima, alertando que, "no ano passado, o senhor ministro - e bem - reverteu a situação das provas finais do 9.º ano serem realizadas em suporte digital, porque mais de 13.000 alunos não tinham computador".
"E eu faço um apelo ao Ministério da Educação, que, de facto, faça chegar às escolas os computadores necessários para nós atribuirmos aos nossos alunos, sob pena de, mais uma vez este ano, as provas finais do 9.º ano terem de ser realizadas em papel e esferográfica e não é isso que se pretende", sublinha.
Já o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, considera que esta decisão do Ministério representa um recuo da tutela na estratégia de digitalização que está a ser seguida nas escolas.
"Estamos a falar de instrumentos de trabalho. Não tem sentido aquilo que está a acontecer. Na verdade, foi com surpresa que agora, no início do ano letivo, os professores começaram a receber das direções das escolas a informação de que deveriam devolver os hotspots", afirma, também em declarações à TSF.
"Os alunos de anos de exame digital continuarão a ter acesso à Internet. Mas, por outro lado, os professores que trabalham com esses alunos, os professores que têm reuniões, muitas vezes online, até tendo de estar em casa, têm de ter a sua internet para poderem trabalhar ou ter eles mesmos de pagar e isso não tem sentido. Outras escolas, aquilo que estão a dizer aos professores é que os cartões e os hotspots usados pelos professores estão lá em determinado local, e os professores, se quiserem, terão de lá ir levantar para a utilização em determinado momento. Isto significa um recuo naquilo que tanto se anuncia da digitalização, da desmaterialização dos manuais, mas depois aquilo que é necessário para poder trabalhar no ambiente digital, que é o acesso à internet, os professores terão de pagar. Há também situações onde efetivamente esta é uma dificuldade, o acesso à internet através do Wi-Fi que a escola possa ter", acrescenta.
O Jornal de Notícias cita o Ministério da Educação, que garante que os professores vão poder sempre utilizar os cartões e hotspots que vão ser disponibilizados para as salas.
