Redução de caixas automáticos e de agências bancárias pode afetar 30 freguesias
Para esta situação está a contribuir, entre outros fatores, a "tendência global de redução do uso de numerário como instrumento de pagamento".
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O Banco de Portugal (BdP) alerta esta quarta-feira que, apesar de a cobertura da rede de acesso a numerário em Portugal ser "quase integral", um total de 30 freguesias podem ser afetadas com uma eventual redução de caixas automáticas e agências bancárias.
Segundo o estudo divulgado esta quarta-feira pelo BdP, as 30 freguesias identificadas, das 3092 existentes, pertencem aos distritos de Beja (3), Bragança (12), Faro (2), Guarda (4), Viana do Castelo (1) e Vila Real (8) e nelas residem, ao todo, perto de nove mil pessoas.
Nestas áreas, os pontos de acesso a numerário (levantamento de dinheiro) mais próximo correm o risco de ficar a mais de 15 quilómetros da população, "por distarem mais de dez quilómetros do ponto de acesso mais próximo e mais de 15 quilómetros do segundo ponto de acesso mais próximo".
Comparativamente ao ano de 2020, o número de freguesias em risco aumentou de 24 para 30.
As percentagens da população com pontos de acesso a menos de 5, 10 e 15 quilómetros da freguesia de residência praticamente não se alteraram em relação aos estudos anteriores, realizados em 2019 e 2020, "comparando favoravelmente com os demais países da área do euro", afirma o banco no comunicado.
O BdP adianta, assim, que, em 2022, 99% da população dispunha de um ponto de acesso a notas a menos de 5 quilómetros, em linha reta, da freguesia de residência - (98% em 2020) -, 99,9% a menos de 10 quilómetros - (99,8% em 2020) - e 99,9% a menos de 15 quilómetros - (99,98% em 2020). Ainda, a "maior distância, em linha reta, existente em todo o país, entre o extremo de uma freguesia e o ponto de acesso mais próximo continuava a ser de 17 quilómetros".
"A redução da rede de balcões foi especialmente concentrada nos distritos de Lisboa, Porto, Braga e Aveiro, que, no conjunto, representaram 60% do número total de agências encerradas. Os cinco municípios com mais agências (Lisboa, Porto, Sintra, Cascais e Gaia) dispunham de tantas quanto o conjunto dos 161 municípios com menos agências", lê-se no estudo.
Para esta situação está a contribuir, entre outros fatores, a "tendência global de redução do uso de numerário como instrumento de pagamento", uma mudança de comportamento que pode "agravar os desafios relacionados com a rede de distribuição, prejudicar a inclusão financeira e acentuar as disparidades socioeconómicas".
A instituição defende reconhecer a "grande importância ao acesso da população a pontos de distribuição de notas e moedas" para a preservação da "inclusão financeira e a liberdade de escolha entre instrumentos de pagamento", prometendo, por isso, "continuar a acompanhar a evolução do mercado e a estudar medidas que permitam responder aos desafios identificados no estudo agora publicado".