Biblioteca Joanina. Redução do número de visitantes deve ser feita "no imediato"
Para o diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, João Gouveia Monteiro, o impacto da presença humana têm consequências. As medições feitas regularmente aos níveis de poluição, temperatura e humidade mostram "valores alarmantes" com o retomar da atividade no pós-pandemia.
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Para assinalar o décimo aniversário, Lourenço fez um pedido especial aos pais: visitar a Biblioteca Joanina, em Coimbra. "Quis ver a Biblioteca Joanina para aprender mais sobre os livros e sobre o reinado histórico de D. João V, dos livros que falam sobre ele. Livros de arquitetura e medicina", explicou Lourenço que se fez acompanhar nesta visita por 7 amigos.
Com uma mão cheia de perguntas, Lourenço acabou por esclarecer todas as dúvidas com o diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. "Interessante saberes tanta coisa e teres tanta curiosidade. Temos o futuro garantido", lançou João Gouveia Monteiro no final da conversa com Lourenço.
A visita não deixou ninguém indiferente numa manhã chuvosa, com Jorge, funcionário da biblioteca há 22 anos, a mostrar-se "emocionado" com a visita e o pedido da criança. "É por estas pessoas fantásticas que fico encantado de estar aqui".
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A Biblioteca Joanina é uma das principais atrações da cidade de Coimbra pelo seu património mobiliário e artístico, mas também pelos seus livros. A biblioteca soma 56 mil obras dos séculos XVI a XVIII que embelezam as paredes das várias salas, em estantes de dois andares, em madeira de carvalho, porque se acredita ter um odor que afasta insetos. As obras em diferentes disciplinas são únicas, sendo a mais antiga "uma bíblia do tempo da fundação da nacionalidade portuguesa" do século XII.
Todos estes livros podem ainda hoje ser consultados e as requisições, segundo João Gouveia Monteiro, oscilam entre 600 a 800 por ano.
Construída entre 1717 e 1728, a mando de D. João V, a Joanina recebia, antes da pandemia, 1700 pessoas diariamente. Mas o impacto deste fluxo reflete-se nas medições que são feitas a cada quinze dias aos níveis de poluição, humidade e temperatura dentro da biblioteca. "Podemos comparar os resultados das medições que fazíamos antes da pandemia e depois da pandemia, em que os níveis de poluição e temperatura caíram significativamente. Agora, quando reanimou circuito turístico, vimos esses níveis a cresceram para valores que são alarmantes".
Embora dizendo-se um "adepto do turismo cultural" e notando o interesse da Universidade em mostrar o seu património, João Gouveia Monteiro, defende que são precisas regras que "garantam a existência de um patamar de sustentabilidade que permita preservar o edifício e que, no futuro, continue a ser visitado por muitos turistas".
Segundo o diretor, a revisão do número de visitantes em simultâneo - atualmente fixada em 60 - deve ser feita "já a partir de 2023". "Depois na combinação com os resultados que se vierem a verificar, que advém na intervenção na cobertura, nas fachadas e na regularização do pátio, vermos onde é que está o nível de sustentabilidade certo", acrescenta.
"Nunca poderemos ir muito acima das 40 pessoas, digo eu".
A intervenção na Biblioteca Joanina, segundo o anúncio já feito pelo reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, deve arrancar em Janeiro e prolongar-se por ano e meio.