O reitor da Universidade de Évora, Carlos Braumann, avisou esta quinta-feira que os cortes financeiros para as instituições de Ensino Superior, previstos no Orçamento do Estado para 2013, a manterem-se, vão ter «consequências catastróficas».
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O reitor Carlos Braumann aproveitou a cerimónia de sessão solene do Dia da Universidade de Évora para abordar a redução da dotação financeira das universidades, prevista no OE2013.
«O ensino superior foi, mais uma vez, duramente castigado a níveis que ultrapassam sobremaneira outros setores do Estado. Estarei, naturalmente, com os restantes membros do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) na defesa da preservação destas instituições», garantiu.
«Admitindo que os órgãos de poder político não desejam as inevitáveis consequências catastróficas destes cortes, haverá ocasião de, em sede de especialidade [do debate do OE2013], serem repostos os valores cortados. Vamos esperar que o bom senso prevaleça», defendeu.
Já antes o reitor tinha afirmado que a crise estava e está a afetar, «e muito», o funcionamento da Universidade de Évora (UÉvora).
«Depois de cortes sucessivos que, em certas áreas, foram além das 'gorduras', já não há margem de manobra para acomodar cortes adicionais», alertou.
Carlos Braumann revelou à agência Lusa que a proposta do Governo para o OE2013, caso não sofra alterações, prevê «menos nove a 12% de dotação para as universidades», chegando, no caso da Universidade de Évora, «aos 11%», o que corresponderá «a menos quase três milhões de euros».
E, acrescentou o reitor, «as novas regras da administração pública, que estão a minorar a autonomia universitária, vêm agravar a situação, pois, tornam mais onerosa a aquisição de bens e serviços e comprometem a capacidade das instituições angariarem receitas próprias».
«Conseguimos que a nossa taxa de financiamento por recursos próprios seja já da ordem dos 40%. Só que, com a erosão do tecido económico do país devido à crise, há a tendência para a redução de receitas próprias», explicou.
Por isso, o reitor enfatizou à Lusa que «a situação é duplamente grave», devido «à diminuição das dotações do OE e a essa menor capacidade de obter receitas próprias».
A Universidade de Évora, que ministra cerca de 30 cursos de licenciatura e outros tantos de doutoramento e perto de 70 mestrados, é frequentada por aproximadamente 9500 alunos.
A instituição de ensino superior possui cerca 570 docentes, depois da dispensa, ainda em 2011, de algumas dezenas de professores convidados, já para fazer face aos cortes sofridos no orçamento deste ano.