Os responsáveis pelas universidades portuguesas dizem que é preciso captar (e ajudar) mais alunos para que não dependam da família.
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O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) pede aos partidos que aumentem os valores das bolsas e permitam que mais alunos tenham acesso à ação social do Estado. Estas são duas das propostas que constam de uma agenda do ensino superior para a próxima década que os reitores pretendem que os partidos políticos incorporem nos programas eleitorais das legislativas de outubro.
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Os responsáveis máximos das universidades portuguesas sublinham que Portugal tem poucos jovens no ensino superior (quatro em cada dez em vez dos seis em cada 10 da média da União Europeia) e é preciso aumentar estes números.
O presidente do CRUP, Fontainhas Fernandes, salienta que os estudantes portugueses estão muito dependentes das famílias e da sua situação económica, sendo preciso mudar essa tendência na prática os afasta das salas de aula.
Só 21% recebem bolsa
"Apesar de Portugal ser um dos países da União Europeia com mais baixos rendimentos e com elevado nível de desigualdade, apenas 21% dos estudantes beneficiam de apoio da Ação Social; e destes, cerca de metade beneficia da bolsa mínima, a qual cobre apenas o valor da propina máxima dos cursos de licenciatura".
Os reitores traçam o cenário anterior e dizem que não é o desejável. O CRUP pede que se aumentem os apoios indiretos e diretos aos alunos na próxima legislatura e avança mesmo objetivos concretos.
Nomeadamente alargar a ação social aos estudantes com famílias com um rendimento anual, per capita, até 8.890 euros (com a atual lei esse valor é de 7.925,87 euros), abrangendo-se assim 30% dos estudantes e não apenas 21% como hoje.
Por outro lado, é preciso diferenciar os alunos carenciados, dando mais apoios às famílias com um rendimento anual, per capita, entre os 4.717,90 e os 7.925,87 euros que hoje, "apesar da grande diferença de rendimentos", apenas recebem a bolsa mínima.
Pelo menos mais 134 euros de bolsa mínima
Outra mudança proposta é o aumento do montante da bolsa mínima para valores entre os 1.200 e os 1.500 euros por ano, ou seja, pelo menos mais 134 euros que os atuais 1.064 euros, dinheiro que os reitores sublinham que só chega para pagar "a propina máxima nos cursos de licenciatura e mestrados integrados, não cobrindo qualquer outro tipo de despesa".
O objetivo do CRUP é apresentar estas e outras propostas ao Presidente da República, ao atual Governo, mas também aos partidos que se vão apresentar nas próximas eleições legislativas.