Reivindicações de médicos e enfermeiros "não são suscetíveis de serem atendidas"
Marta Temido fundamenta que "é preciso ter um cuidado especial com o equilíbrio das várias áreas da administração pública".
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A ministra da Saúde adianta que, neste momento, não é possível responder às reivindicações dos profissionais de saúde.
Marta Temido disse estar consciente de que "estão em cima da mesa reivindicações relacionadas com a diminuição da idade da aposentação, com a redução do número de utentes por médico de família e com a diminuição do período normal de trabalho para o serviço de urgência", mas sublinha, em declarações à RTP3, que "essas reivindicações não são suscetíveis de serem atendidas".
Ainda assim, a ministra lembra que "isso não prejudica que continuemos a trabalhar, que continuemos a aproximar-nos dos profissionais de saúde para discutir melhor motivação, melhores formas de trabalho, mas há reivindicações às quais, neste momento, não é possível atender, não só porque o serviço público não o permite, mas também porque é preciso ter um cuidado especial com o equilíbrio das várias áreas da administração pública".
Com a greve que começou esta terça-feira, e que se prolonga até às 24h00 de quarta-feira, os médicos exigem que todos os portugueses tenham médico de família, lutam pela redução das listas de utentes dos médicos e por mais tempo de consultas, querem a diminuição do serviço em urgência das 18 para as 12 horas, entre várias outras reivindicações, que passam também por reclamar que possam optar pela dedicação exclusiva ao serviço público.
O primeiro dia de greve foi decretado pelo SIM e o segundo dia, quarta-feira, foi decidido pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que marcou para o mesmo dia à tarde uma concentração de protesto junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa.
Quanto aos enfermeiros, a greve decretada pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros Portugueses (Sindepor) vai prolongar-se até ao final do dia de sexta-feira.
O sindicato reclama o descongelamento das progressões de todos os enfermeiros, independentemente do vínculo ou da tipologia do contrato de trabalho e que sejam definidos os 35 anos de serviço e 57 de idade para o acesso à aposentação destes profissionais.
Exige ainda que o Governo inclua medidas compensatórias do desgaste, risco e penosidade da profissão, assegurando as compensações resultantes do trabalho por turnos, defina condições de exercício para enfermeiros, enfermeiros especialistas e enfermeiros gestores que determinem a identificação do número de postos de trabalho nos mapas de pessoal e que garanta, no caso dos especialistas, uma quota não inferior a 40%.