Relação entre avós e netos contribui para "criar um sentimento de pertença à família" por parte dos mais velhos

Assinala-se, esta sexta-feira, o Dia Mundial dos Avós. A psicóloga clínica Carolina Loureiro sublinha, em declarações à TSF, a importância dos netos para os avós, "que ganham imenso" numa altura em que muitos já se encontram reformados e em que há "uma ausência de projetos de vida e acaba, muitas vezes, por desaparecer aquele sentimento de utilidade".

"É-lhes difícil construírem ou identificarem qual é o papel deles neste momento na sociedade e mesmo dentro do seio familiar. Isto [ter netos] permite-lhes criar um sentimento de pertença à família, de participação, que estão a contribuir a uma continuidade", explica. Entre outras vantagens, está também a passagem dos valores de geração em geração e a vertente cognitiva, já que a partir de uma certa idade "a interação com os outros é aquela que trabalha melhor a manutenção das capacidades".

A especialista sublinha igualmente que, nos tempos que correm, o Dia Mundial dos Avós é uma data ainda mais "especial": "Os avós sempre tiveram um papel muito importante enquanto cuidadores dos netos e também como uma rede familiar de apoio aos pais no seu percurso profissional, principalmente agora que estamos nesta fase de férias de verão. Acredito que muitos pais deparam-se com a dificuldade de conciliar o período de férias das crianças com o seu. Portanto, os avós ganham aqui uma importância muito grande para ajudar nesta gestão mais no dia a dia."

A psicóloga clínica reconhece, contudo, que o "choque de gerações, em termos sociais, educacionais, pedagógicos" é notório: "Quase que existe dos mais velhos um sentimento de alheamento e de falta de entendimento face à forma de vida dos netos e muitas vezes até dos pais."

Ainda assim, destaca Carolina Loureiro, todos ficam a ganhar com esta relação, "porque é muito importante para os mais pequeninos que eles tenham acesso a uma cadeia de valores até em termos de autorregulação emocional".