"Relíquia" em perigo. Universidade de Coimbra alerta para ameaça do fogo na Floresta Laurissilva da Madeira
A investigadora Helena Freitas revela-se "perplexa" com a falta de atenção do Governo Regional e pede mais condições para proteger a "joia" do arquipélago
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A professora da Universidade de Coimbra Helena Freitas está preocupada com os estragos que o incêndio na Madeira pode provocar à Floresta Laurissilva. A investigadora na área da ecologia e da biodiversidade lembra que este ecossistema, que cobre cerca de 20% do arquipélago, é único no mundo e está na base da economia de toda a região.
Em declarações à TSF, a académica fala na floresta madeirense como um "último reduto de um período subtropical" que conservou várias espécies de plantas, o que explica, entre outras coisas, o facto de a ilha ser muito rica em água. "É uma relíquia, nos dias de hoje, e por isso é classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade", acrescenta.
A humidade elevada está na base da produção de vários alimentos, o que faz também da Floresta Laurissilva um pilar fundamental para a economia madeirense. "No dia em que isso deixar de acontecer, a ilha perderá toda a sua capacidade produtiva, e perde também o tesouro maior que tem", avisa Helena Freitas.
Perante a ameaça dos incêndios, a professora confessa-se "perplexa" com a falta de atenção do Governo Regional. "Numa conferência de imprensa, não foi mencionada uma única vez esta relíquia da Madeira", lamenta, referindo-se ao ponto de situação feito pelo presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, no domingo. Helena Freitas alerta que "é imprescindível investir na conservação desta floresta", queixando-se da atuação das autoridades no combate às chamas, que alega pecar por "lentidão" sempre que há incêndios na ilha.
A Floresta Laurissilva da ilha da Madeira tem cerca de 20 milhões de anos, albergando seres vivos que existem desde o Período Terciário. Foi considerada Património Mundial Natural da UNESCO em 1999.
