No final da interpelação feita pelo PCP, esta tarde na AR, o ministro Miguel Relvas deixou um recado: não há espaço para «ânimos fracos, estados de alma e «profissionais da desistência».
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Suou a recado para fora e dentro da coligação governativa a frase do ministro Miguel Relvas, esta tarde, no Parlamento.
«Faltam 20 meses para terminar o programa de ajustamento e não vamos falhar na reta final. No colete de forças que nos é imposto pelo resgate não há espaço para ânimos fracos, estados de alma e profissionais da desistência. Não há lugar para países imaginários», afirmou.
«Países imaginários» que, acusou o ministro, dão corpo às teses da oposição. «Numa delas, há um país imaginário que diz aos seus credores internacionais 'vão-se embora já'.
«Na outra, há um país também imaginário que põe os credores em sentido, ordenando a renegociação da dívida e o prolongamento dos prazos. Esta afirma, no fundo, 'por favor senhores da troika fiquem aqui mais dez anos», criticou Miguel Relvas.
O ministro acusou o PS de pretender sujeitar o país a um segundo programa de resgate e, como antes tinha feito o ministro da Economia, remeteu para os socialistas a fatura dos sacrifícios atuais.
«Ouvimos a angústia mas é nosso dever falar com a maior franqueza. Foram as ilusões e as fantasias que nos trouxeram a esta situação entre a espada e parede», lembrou Relvas.
Para quem, como o CDS-PP, tem falado na necessidade de cortar na despesa, o ministro deu a garantia possível.
«Alguns dizem que o Estado não dá o exemplo mas não podemos esquecer que muitos destes cortes são extraordinariamente difíceis de realizar. A margem de manobra é reduzida mas no Orçamento de 2013 continuamos a procurar poupanças», assegurou o ministro.
Antes do ministro dos Assuntos Parlamentares, o deputado comunista, António Filipe, fechou a interpelação do PCP, acusando o Governo de insistir na receita errada da austeridade.
«O senhor ministro da Economia descobriu ontem o que já quase todos tinham descoberto antes dele, que a economia não é recuperável apenas na base da austeridade e que sem crescimento não conseguimos pagar a dívida. Mas não há na política deste Governo a mínima correspondência com essa descoberta», sublinhou António Filipe.