Rendimentos, liquidez e postos de trabalho. As necessidades da retoma económica
Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020 e Bruxelas estima uma contração da economia de 6,8%, menos grave do que a média europeia, mas projeta uma retoma em 2021 de 5,8% do PIB, abaixo da média da UE (6,1%) e da zona euro (6,3%).
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No dia em que o primeiro-ministro recebe os partidos para alinhar ideias sobre o Plano de Emergência Social e Económica, Cáritas, Confederação do Comércio e Serviços De Portugal, UGT e CGTP deixaram no Fórum TSF as linhas gerais do que defendem ser necessário para retomar a economia.
O responsável pela Cáritas, Eugénio da Fonseca, lembra que é preciso avançar imediatamente com um programa que dê resposta à "pobreza repentina" causada pela Covid-19.
"Há pessoas que estão, neste momento, sem qualquer tipo ou com diminuição dos rendimentos", lembra o responsável, que defende um "rendimento de substituição" e que pode passar "pela revisão dos montantes afetos ao Rendimento Social de Inserção" ou pela garantia de rendimentos que passe pela realização de trabalho "socialmente útil" por parte de quem ficou desempregado.
Entre os parceiros sociais, a Confederação do Comércio e Serviços De Portugal (CCP)defende o fim do pagamento especial por conta e o reforço da ajuda à capitalização das empresas. O líder da CCP, João Vieira Lopes, considera que não basta adiar o pagamento de impostos uma vez que os prejuízos não vão permitir que as empresas consigam pagar.
A CCP vai levar à reunião da próxima quarta-feira propostas para o financiamento das empresas: "Um dia cai-lhes tudo em cima e, para a maior parte delas, a retoma dos negócios está a ser lenta e não aguentarão."
Pelos sindicatos, no Fórum TSF, ficou o alerta sobre abusos laborais cometidos durante este período de pandemia. O secretário-geral adjunto da UGT, Sérgio Monte, defende que a fiscalização deve ser mais apertada, "não obstante a Autoridade para as Condições do Trabalho ter sido reforçada".
"Uma maior celeridade nos apoios e menos burocracia" são também mudanças necessárias, nas palavras de Sérgio Monte. "Muitas empresas ainda não tiveram qualquer tipo de pagamento e outras estão à espera da resposta."
Pela CGTP, Isabel Camarinha insiste no combate à precariedade e aos despedimento, lembrando que já estão registados 400 mil desempregados.
"Não pode proibir-se só os despedimentos dos trabalhadores efetivos, têm de se proibir também os despedimentos dos trabalhadores com vínculos precários", defende.