Telmo Correia e João Gonçalves Pereira criticam abstenção, decidida pela direção do partido, na última renovação do estado de emergência através de declarações de voto.
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Uma "irresponsabilidade" e um "erro". Duas expressões que separam as declarações de voto de Telmo Correia e João Gonçalves Pereira, na sequência da abstenção do CDS à renovação do estado de emergência.
Sublinhando que num contexto de agravamento pandémico, o estado de emergência "é uma necessidade absoluta", Telmo Correia explica que teria preferido o voto favorável por parte do partido e lembra que foi esse o sentido de voto centrista nos anteriores quatro estados de exceção votados no parlamento.
No texto de sete parágrafos, a que a TSF teve acesso, o líder da bancada do CDS concorda com os argumentos da direção do partido, que quis que os deputados se abstivessem por acusar o governo de falta de transparência ao não dar a conhecer as medidas que ia implementar ainda antes da votação, mas nota que "negar" ao executivo a possibilidade de tomar medidas na atual situação do país "seria irresponsável".
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E enquanto Telmo Correia argumenta que a resposta a uma pandemia exige firmeza e um consenso nacional de fundo, João Gonçalves Pereira considera que a atual situação do país, "com um número crescente de mortos e internados", exige "e merece uma demonstração de solidariedade nacional". No texto, que remete ao parlamento, o deputado e líder da distrital de Lisboa do CDS salienta por isso que "responder à incompetência do governo na gestão pandémica não entendendo a importância deste Estado de Emergência é um erro". E o CDS, lê-se na declaração, não deve falhar na interpretação do momento que o país vive".
Ainda sem conhecer os argumentos de Gonçalves Pereira e sem mencionar de forma direta a declaração de Telmo Correia, Filipe Lobo d'Ávila, vice-presidente do partido, escrevia ao início da tarde através da rede social Facebook que "irresponsável" seria "votar a renovação de um estado de emergência sem conhecer as medidas que o Governo pretendia implementar, passando "cheques em branco" a quem já demonstrou ser "incompetente para gerir a mais grave crise de saúde pública que se viu em Portugal". Argumento que se junta ao já defendido pela direção do partido no dia da votação e que foi subscrito, na mesma rede social, pelo deputado João Almeida.
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Através da rede social Facebook, Francisco Rodrigues dos Santos explicava, na sexta-feira, que o CDS tinha avisado "que não passaria cheques em branco e que as medidas do Governo deveriam ser conhecidas antecipadamente". No texto, o presidente centrista dizia concordar com a necessidade de um Estado de Emergência, mas acusa o executivo de António Costa de "ter ocultado da oposição" as medidas que tencionava tomar, insistindo no que apelida de "desnorte" da equipa de Costa no combate à pandemia.
"O CDS não pode ainda deixar passar em claro o "arranjinho" que, em troca da aprovação do OE, permitirá ao PCP o que será proibido a todos os portugueses
Esta crise tem de mobilizar todos, num esforço de unidade nacional de que o CDS sempre fez parte. São vidas de portugueses que estão em risco e que todos temos de proteger".
Na sexta-feira, aquando da votação do prolongamento do Estado de Emergência, o CDS justificou a abstenção como "um protesto solene contra a falta de transparência e planeamento do governo" e uma "firme exigência para que as próximas medidas sejam eficazes e acertadas".
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