Reportagem TSF: à procura de um 'match' feliz. Benfica cria bolsa de habitação para professores e médicos deslocados
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A Junta de Freguesia de Benfica criou uma bolsa de habitação para ajudar professores, médicos e enfermeiros deslocados que procuram casa no bairro. É uma espécie de plataforma de encontros para arredamento, divulgada nas redes sociais e mediada pela junta de freguesia, para fixar no bairro funcionários públicos de áreas essenciais e dar garantias de confiança aos proprietários das casas.
Hernâni Silva, tesoureiro da Junta de Freguesia de Benfica, conta à TSF que, nesta altura, há cerca de dez pedidos à espera de resposta. Este responsável explica que a busca de casas é constante e é facilitada através da relação de proximidade com os moradores, sobretudo os mais idosos, que vão dando dicas de apartamentos vazios, ou em obras, para arrendar. Depois é encontrar o candidato certo para a oferta disponível.
A combinação perfeita é difícil de encontrar, mas, desde que a plataforma foi lançada, já houve encontros felizes, como o de duas médicas de família colocadas no centro de saúde. Também há outros casos, como o da visita acompanhada pela TSF, que foram adiados.
Anabela Santos, a proprietária de um rés do chão em Benfica, está entusiasmada com a possibilidade de mudar o perfil de inquilinos. Fez obras há dois anos, dividiu a sala em dois quartos e teve o imóvel arrendado a estudantes. Agora, a senhoria está a mostrar o apartamento a Américo Santos, um professor de Educação Física, deslocado do Porto.
“Não estamos a precisar da casa para já, temos habitação permanente, e é uma forma de contribuir, de ajudar a comunidade, e de preservar o bem”, afirma, sublinhando a mais-valia de ter a junta de freguesia a intermediar a seleção dos candidatos a inquilinos.
A renda é 800 euros, “um valor equiparado” ao que as estudantes pagavam antes: “Nós não quisemos aumentar o valor da renda. Acho que não é por aí que vamos enriquecer. Efetivamente preferimos ter pessoas de confiança na nossa casa e que cuidem do espaço como nós cuidaríamos.”
Américo divide casa com três professores, uma situação longe de ser a melhor. O candidato interessado procura casa para morar com a companheira, fisioterapeuta, também ela deslocada, “e a viver numa situação precária”.
Neste caso, o T2 de Anabela Santos satisfaz os requisitos do professor: está recuperada, é mais acessível algumas centenas de euros, comparando com alguma da oferta para arrendar em Lisboa, é perto da escola onde dá aulas, “até dava para ir a pé”, e tem ainda “um espaço exterior muito engraçado”.
Mas depois de consultar a companheira, a decisão foi a de que é preciso dar resposta a outras prioridades nesta fase. A procura de casa vai continuar mais tarde, em Benfica.