Média de idades: 88 anos. Estes "Avós do Judo" são polícias e o tatami não os assusta
A TSF assistiu à aula de judo dos residentes da Aldeia dos Beneficiários, dos Serviços Sociais da PSP, no Judo Clube da Marinha Grande.
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A manhã é de chuva, mas a humidade não afasta o entusiasmo de uma manhã diferente para os polícias veteranos. Chegam ao Judo Clube da Marinha Grande para mais uma aula. O grupo de idosos faz parte da Aldeia dos Beneficiários, dos Serviços Sociais da PSP, localizada em Vieira de Leiria.
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Sob o olhar atento do professor Pedro Folgado, António Marques, 88 anos, pede atenção e começa o aquecimento. Dos 12, só 9 conseguem cumprir os exercícios. Com dificuldade, mas com entusiasmo, Maria Ferreira Bento recorda a fratura na perna e cumpre o que lhe pedem com cautela. "Não presto nada dos ossos. Mas o que manda também é a vontade. Às vezes ando agarrada ao corrimão e a uma muleta, outras vezes tem de ser com o andarilho. Partindo a perna, agora tenho de ter juízo", afirma.
Não presto nada dos ossos. Mas o que manda também é a vontade
No centro do ginásio, os resistentes começam um dos exercícios mais difíceis. Atiram-se para o chão. António Marques pede aos restantes para tentarem remar. "Ai é assim", responde um dos colegas.
O grupo, o mais velho a cumprir a iniciativa, tem uma média de idades de 88 anos. O projeto começou com o objetivo de dar instrumentos aos mais idosos para evitar lesões e quedas graves. Além dos veteranos da polícia, há também espaço para os mais novos.
"Quem é polícia nunca mais deixa de ser polícia. Não digo que são ex-polícias, são polícias ainda porque independentemente da idade deles, o treino que eles tiveram, a essência que é fundamental, que é ajudar os outros, está sempre presente. Estão muito bem", elogia Pedro Coimbra, um dos agentes mais novos a participar na aula.
"O meu pai era polícia, a minha filha com 23 anos também já é polícia. Esta é uma forma de rever pessoas. Quem me dera a mim chegar à idade deles com este vigor", acrescenta.
Quem é polícia nunca mais deixa de ser polícia
Pedro Coimbra sublinha a necessidade da adoção deste tipo de programas, não só para estes polícias, mas também para outros idosos noutras instituições. "É muito importante. Uma pequena queda pode resultar em grande prejuízo para a saúde deles. E aqui é também uma forma de certamente controlar e ir com as mãos ao solo e defenderem-se do dia a dia."
A dirigir a aula está Pedro Folgado, professor de judo. "É uma aula diferente. Tivemos um grupo especial. É um dos grupos com mais idade. É muito gratificante trabalhar com eles porque eles à partida são pessoas fechadas, a mobilidade também não é das melhores e desde que cumprem este projeto, tem acontecido coisas fantásticas. É o estilo deles, são autoritários mas são super atenciosos, super motivadores", refere.
No tatami, Pedro Folgado reativa a memória dos agentes veteranos e pede a dois para simularem a sua detenção. O professor de judo foi imediatamente imobilizado e algemado pelos polícias.
A presidente do Judo Clube da Marinha Grande, Margarida Pedroso, destaca a maior média de idade deste grupo. "88 anos é muita coisa. Eles "desenferrujam" todas as semanas", garante. "O projeto Avós do Judo vai à instituição deles. Fazem atividade de judo uma vez por semana e outra atividade que o projeto tem, que pode ser animação, enfermagem, nutrição e terapia ocupacional. Todas as semanas têm duas atividades aqui do projeto", explica.
Além de combater os problemas físicos inerentes à idade, a turma mais velha dos "Avós do Judo" promete continuar a ir ao tapete na Marinha Grande.
