O ex-chefe de missão do FMI para Portugal disse esta sexta-feira que a austeridade na Europa é "um mito". Dez anos depois do resgate financeiro o economista dinamarquês esteve em Lisboa para participar no Fórum Financeiro Outlook 2021.
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O responsável pela equipa que monitorizou a economia portuguesa durante os anos do resgate financeiro foi o primeiro convidado a intervir no Fórum Financeiro Outlook 2021, para afirmar que a austeridade na Europa é "um mito". Para sustentar esta conclusão, Poul Thomsen recorreu aos números das dívidas dos estados-membros, argumentando que se estas não param de crescer é porque não existe austeridade.
O economista dinamarquês admite que houve medidas que implicaram enormes sacrifícios para muitos, mas entende que "isso é o reflexo da falta de reformas estruturais", nomeadamente no que toca aos sistemas de pensões.
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Thomsen lamentou ainda que a maioria dos países europeus tenha retomado as políticas que vigoravam antes da crise de 2008. Para o ex-diretor do Departamento Europeu do FMI "não é surpreendente que tenhamos regressado ao anterior estado de coisas", uma vez que "a troika não tinha legitimidade política" para impor as reformas que defendia. "Não há nada nos tratados que diz que se tem de ouvir a troika", lembrou o economista.
Na intervenção que marcou o arranque do debate na Culturgest, o antigo representante da troika alertou ainda para o risco da Europa enfrentar uma nova crise das dívidas soberanas. Neste contexto, Thomsen não poupou nas críticas ao Banco Central Europeu, que acusa de estar a ser imprudente, ao injetar cada vez mais liquidez nas economias, sem acautelar a dificuldade que será mais tarde o controle da inflação.