Esta segunda-feira, parte para a República Centro-Africana o quinto contingente português. De regresso estão 180 militares que integraram a quarta força nacional destacada. Uma missão difícil, cumprida com sucesso.
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O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas já a considerou a missão mais arriscada desde o fim da guerra do Ultramar. Portugal está na República Centro-Africana desde o início de 2017. Esta segunda-feira, a quarta Força Nacional Destacada no país regressa a casa, seis meses depois. São 180 militares, essencialmente Paraquedistas do 2.º Batalhão de Infantaria de Aveiro, que enfrentaram uma missão complexa, com combates intensos e momentos de tensão.
O tenente-coronel paraquedista Óscar Fontoura, que dirigiu esta força, garante que no regresso o sentimento é de dever cumprido, "com o sentimento que contribuímos de certa forma para a estabilidade deste país e sobretudo para a segurança das populações e para proteger os mais desfavorecidos e isso é o maior consolo que podemos ter da missão".
Destes seis meses, que puseram à prova as capacidades dos militares portugueses, o comandante da força recorda como o mais marcante a primeira vez que entraram em combate direto, em outubro do ano passado, em Bambari. Desses combates, resultou um ferido. A capacidade de reação foi fundamental para assegurar a segurança de todos e o cumprimento da missão.
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Esses momentos debaixo de fogo são também aqueles que o sargento de pelotão e comandante da equipa de combate, o 1.º sargento Ricardo Vieira, vai recordar. É duro, mas o treino intenso em Portugal prepara os militares para ultrapassar as dificuldades.
Os momentos difíceis não se esquecem, defende o tenente-coronel Óscar Fontoura; é preciso usá-los para preparar o futuro, ser ainda melhor.
Agora, a situação na República Centro-Africana está mais calma e os portugueses contribuíram muito para isso. "Modéstia à parte, sinto que a força portuguesa faz a diferença", afirma o comandante da 4.ª Força Nacional Destacada, "a força portuguesa, quando intervém é sempre de forma decisiva, resolve a crise que está criada", explica, "é essa também a perspetiva que tem o comandante da MINUSCA [a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana], que emprega sempre a força portuguesa quando quer alterar o curso dos acontecimentos."
Sinais de reconhecimento de um bom trabalho, que chegam também da população. O Tenente-coronel Paraquedista Óscar Fontoura não esquece o regresso a Bangui, depois dos intensos combates em Bambari, quando a população recebeu as colunas portuguesas com aplausos e a agradecer o empenho. "E alguns militares em cima das viaturas se calhar não choraram por vergonha", conta.
Esta segunda-feira, regressam a Portugal para um descanso merecido, matar saudades da família, aproveitar os "pequenos luxos" de Portugal. O 1.º Sargento Ricardo Vieira garante que uma das primeiras refeições que vai fazer é uma francesinha à moda do Porto.
As últimas semanas foram dedicadas a deixar tudo pronto para os militares que os substituem nesta missão na República Centro-Africana. A 5.ª Força Nacional Destacada é composta maioritariamente por Comandos. Para quem chega agora, o 1.º Sargento de Infantaria Paraquedista avisa que na República Centro-Africana é preciso estar sempre muito atento, "não descurar na segurança" e fazerem aquilo que sabem fazer.
Os militares portugueses estão bem preparados, acrescenta o tenente-coronel Paraquedista Óscar Fontoura. Por isso, para o comandante que o substitui e assume a liderança da Força Nacional Destacada que começa agora a missão, a mensagem começa por aí: "Acreditar no treino que é feito em Portugal e passar a mensagem que vale a pena; é recompensador chegar ao fim com este sentimento que contribuímos para a felicidade das pessoas que precisam de ajuda". Voltar a casa com o sentimento de dever cumprido.