Requalificação da "estrada da morte"? "A obra nunca irá arrancar antes de 2023"
Há anos que a região de Viseu reivindica uma requalificação do IP3, já conhecido como "a estrada da morte". Autarcas queixam-se de um "abandono completo do Interior".
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O Governo tinha prometido que as obras de requalificação do IP3 estariam prontas até 2022, mas dificilmente esse prazo será cumprido, para descontentamento dos autarcas da região de Viseu, que já pediram uma reunião com caráter de urgência ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
"O prazo dito pelo senhor ministro anterior era um e hoje o prazo que nos é apresentado [pelas Infraestruturas de Portugal] é completamente diferente. Neste momento, o projeto de execução irá ficar pronto no terceiro trimestre de 2021 - o que quer dizer que, por melhor que depois tudo corra, a obra nunca irá arrancar antes de 2023, 2024", afirma o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões.
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Rogério Abrantes quer saber o que levou o Governo a mudar de planos e sublinha que só depois da reunião com o ministro Pedro Nuno Santos, que está marcada para o dia 5 de julho, é que os autarcas decidirão que medidas irão tomar a seguir.
"Não lhe vou adiantar nada porque é um assunto que pertencerá ao Conselho [da CIM] discutir e pronunciar-se", afirma à TSF.
O autarca de Carregal do Sal salienta que a via que liga Viseu a Coimbra, e que já é conhecida como a estrada da morte, "está completamente degradada", não se compreendendo, por essa razão, o que levou a tutela a atrasar a intervenção em todo o traçado.
"É uma obra que já foi lançada por dois ou três primeiros-ministros", lembra, acrescentando que esta nova derrapagem dos prazos representa mais um "abandono completo do Interior".
Há anos que é reivindicada uma requalificação do IP3. O atual Governo lançou a obra, que está dividida em várias fases. A primeira encontra-se já no terreno e inclui apenas a requalificação de um troço de 16 quilómetros entre os nós de Penacova e da Lagoa Azul. Esta intervenção está orçada em 11,6 milhões de euros. O restante traçado será duplicado, ganhando um perfil de autoestrada, num investimento que ronda os 134 milhões de euros.
Em resposta à TSF, o Ministério da Infraestruturas e da Habitação diz que "não é verdade que as obras [no IP3] não tenham arrancado". "Já há estaleiro montado e a sinalização está a ser colocada na primeira fase da obra: Penacova-Lagoa Azul", explica o gabinete do ministro Pedro Nuno Santos, acrescentando que a tutela não pode fazer uma intervenção em todo o traçado da estrada "ao mesmo tempo, porque isso prejudicaria uma via que não tem alternativa".
O Ministério da Infraestruturas e da Habitação refere ainda que "não confirma os prazos que estão a ser avançados pela CIM" Viseu Dão Lafões e revela que o "Governo está a trabalhar com a Infraestruturas de Portugal para estabilizar uma calendarização" da obra.
"De salientar que este Governo fez o que mais nenhum outro fez: começou efetivamente as obras no IP3", conclui.
(Notícia atualizada às 17h09)