Reservas de recrutamento são serviço militar obrigatório de volta? "Longe de nós"
Almirante Silva Ribeiro garante que o regresso do antigo serviço militar "não tem qualquer exequibilidade" em Portugal nos tempos que correm.
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O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas rejeita que esteja em marcha qualquer tipo de serviço militar obrigatório encapotado.
Em causa está a falta de efetivos nos três ramos militares. Num despacho do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, o governante menciona "reservas de recrutamento". O Almirante Silva Ribeiro afastou um regresso ao passado quando questionado pelos deputados da Comissão de Defesa Nacional sobre as orientações do governante.
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"Não é uma forma encapotada de criar um serviço militar obrigatório. Longe de nós", começou por garantir o almirante.
Um serviço militar obrigatório como o que existiu em Portugal "não tem qualquer exequibilidade" nos tempos que correm e, garante o CEMGFA, também "não está na mente de nenhum chefe militar, das Forças Armadas ou dos responsáveis políticos" com quem tem conversado.
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Para já vai ser criado um grupo de trabalho para regulamentar a lei. Silva Ribeiro esclareceu ainda que "quando acabou o serviço militar obrigatório não se cuidaram os regulamentos das reservas". Por isso, defende que é algo que "tem de ser tratado porque nós nunca sabemos quando poderemos ser chamados para uma crise militar futura".
Covid-19 não cancelou operações críticas
Durante a audição, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas garantiu que, apesar da pandemia de Covid-19, foram mantidas "todas as operações militares críticas". Já sobre a colaboração com as forças de segurança, apesar dessa situação estar prevista, "não tem havido grande necessidade" de o fazer.
No que toca ao apelo à colaboração de voluntários, Silva Ribeiro assegura que "nada tem a ver com a falta de efetivos".
"Tem a ver com o espírito que é muito próprio dos portugueses e que é essencial dentro das Forças Armadas, que é de solidariedade e sentido de serviço", esclareceu.
O apelo lançado procura chegar sobretudo "aos familiares dos militares, estejam no ativo ou na reserva". Há uma lista organizada por "profissão, local de residência, experiência familiar".
Por esta altura, as Forças Armadas com cerca de oito mil voluntários. Ainda assim, o CEMGFA reconhece uma significativa falta de efetivos e, por isso, espera que até ao final do ano a falta de atratividade dos salários dos militares seja resolvida.
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"Precisamos de fazer subir o efetivo para 30 mil homens." Para isso, explica, é preciso criar "atratividade", algo que neste momento não existe.
Dirigindo-se a um deputado a título de exemplo, o almirante explica e acaba por questionar: "O senhor - que até é licenciado e não estaria neste grupo - vai para praça das Forças Armadas e ganha 740 euros. Se for para a GNR ganha 1200, são 400 euros de diferença. Quem é que vem para as Forças Armadas?"
O CEMGFA reconhece que "o senhor primeiro-ministro já deu ordem para isto se resolver", mas a crise da Covid-19 acabou por afetar o processo. "Se tudo correr bem, nós até ao final do ano resolveremos os problemas."