Denúncia é feita à TSF pela Associação Zero, no dia em que passam quatro anos desde que os carros mais antigos deixaram de poder circular no centro de Lisboa, entre a Avenida da Liberdade e a Baixa. Será que a medida resultou?
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Para garantir a qualidade do ar, há quatro anos que os carros mais antigos e poluentes estão proibidos de circular no centro de Lisboa. Em teoria, os veículos com matrícula anterior a 2000 não podem passar entre a Avenida da Liberdade e a Baixa, a chamada zona 1 da Zona de Emissões Reduzidas. Mas, da teoria à prática, vai uma distância considerável e a medida de pouco tem servido.
Medida insuficiente
Ouvida pela TSF, Mafalda Sousa, da Associação Zero, garante que esta medida não tem sido suficiente ao longo dos últimos anos para melhorar efetivamente a qualidade do ar: "Os poluentes mais associados ao tráfego rodoviário são o dióxido de azoto e as partículas inaláveis e, em relação a estes dois poluentes, continuam a verificar-se ultrapassagens dos valores-limite."
Desde 2010 que os limites máximos legais destes dois poluentes têm sido ultrapassados na Avenida da Liberdade. Mafalda Sousa explica que a poluição no centro da cidade continua em níveis inaceitáveis e que o balanço poderia ser bem mais positivo.
"Por um lado, temos verificado a ausência de fiscalização da Zona de Emissões Reduzidas porque tem sido possível verificar a circulação de táxis, por exemplo, com matrículas com idades superiores a 18 anos na zona da Baixa de Lisboa. Por outro lado, também são necessárias medidas mais exigentes para reduzir de forma drástica o tráfego rodoviário, aliadas à melhoria dos transportes coletivos", nota a responsável da Associação Zero.
Plano caducado
Além disso, há cinco anos que Lisboa e Vale do Tejo continuam sem Plano de Melhoria da Qualidade do Ar. O último foi apresentado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional em 2017, prevê a aplicação de medidas até 2020, mas ainda não foi aprovado pelo Governo: "Sem um novo plano com medidas mais apertadas e exigentes em termos de restrições ao tráfego automóvel não será possível cumprir a legislação. A não aprovação de um plano deste tipo poderá atrasar a implementação de medidas que são necessárias para preservar a qualidade de vida das pessoas que vivem e trabalham em Lisboa", alerta Mafalda Sousa.