Restituir "salubridade e dignidade": ação de limpeza no Talude Militar junta dezenas de voluntários
Em declarações à TSF, Gonçalo Filipe, do Movimento Vida Justa, lembra que as pessoas continuam, desde segunda-feira, a dormir "ao relento ou dentro de tendas no meio do entulho"
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Dezenas de voluntários responderam este sábado ao apelo do Movimento Vida Justa, que está a promover uma ação de limpeza no bairro do Talude Militar, em Loures, depois da demolição das barracas habitacionais de 55 famílias.
Em declarações à TSF, Gonçalo Filipe, do Movimento Vida Justa, explica o objetivo desta ação é dar restituir alguma "salubridade e dignidade" a quem continua a dormir em tendas no bairro.
"Temos já quase centenas de voluntários que chegaram. Estamos a limpar todo o entulho que a Câmara Municipal deixou. Relembro que as pessoas dormiram durante uma semana ao relento ou dentro de tendas no meio do entulho", sublinha.
No terreno está também a Câmara Municipal de Loures, representada por uma equipa de assistência social e uma equipa com máquinas.
"Estamos a falar com a equipa de assistência social, que veio pela segunda vez ao Talude para conseguirmos perceber se as pessoas podem ter algum tipo de acompanhamento", explica.
O objetivo é que as pessoas possam agora encontrar uma casa para estas "famílias trabalhadoras", a fim de poderem "manter os seus trabalhos e os seus filhos na escola".
Os esforços vão prolongar-se até às 19h00.
A Câmara de Loures, presidida pelo socialista Ricardo Leão, iniciou na segunda-feira uma operação de demolição de 64 habitações precárias no Talude Militar, onde vivem 161 pessoas, entre as quais crianças e idosos.
Nesse dia foram demolidas 51 casas precárias, a que se somaram mais quatro na terça-feira, mas, entretanto, a operação foi suspensa depois de o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa ter aceitado uma providência cautelar interposta por uma advogada em representação de 14 moradores do bairro e ter decretado a suspensão provisória das demolições.
A demolição de 55 habitações precárias foi feita sem qualquer alternativa habitacional, tendo a autarquia de Loures anunciado na terça-feira que uma das famílias do Talude Militar "foi encaminhada para um centro de acolhimento" e outras duas "para uma unidade hoteleira".
Além disso, o executivo camarário garantiu que foi apresentada a possibilidade de a câmara assegurar o pagamento de um mês de caução e outro de renda, "como apoio ao arrendamento no mercado habitacional".