É o segundo ano consecutivo que aparece esta alga originária da Ásia e que se alastra pela água e areal de algumas praias do Barlavento algarvio.
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Chama-se Rugulopteryx okamurae e é uma alga invasora. " Vem dos mares da Coreia e, como invasora que é, está a desenvolver enormes biomassas", explica Rui Santos. O investigador do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR) adianta que ela está "a ter impactos negativos nas outras espécies autóctones e causa problemas pela sua acumulação nas praias, com grandes toneladas", explica. "As pessoas estão a ficar preocupadas", admite.
O investigador do CCMAR tem acompanhado a situação desde 2021, ano em que a alga apareceu pela primeira vez em Portugal. Já em setembro do ano passado, sobretudo na Praia do Carvoeiro, mas também noutras praias do Barlavento algarvio, ela surgiu com muita intensidade.
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Os investigadores sabem que ela surgiu pela primeira vez numa lagoa no sul de França, onde existe grande atividade de aquacultura de ostras. Mas depois, alastrou-se para Gibraltar, para Marrocos, Espanha e finalmente Portugal.
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"Há importação de ostras do Japão e daqueles lados, portanto provavelmente esta espécie veio com a importação das ostras", sugere. No entanto, não há certezas. "Em Portugal foi detetada pela primeira vez na praia D. Ana, no barlavento algarvio, que é a zona mais rochosa, e é onde elas se fixam", revela. Mas as marés e as correntes fazem-nas soltar e invadir a água, depositando-se grandes biomassas na praia, impossibilitando os banhistas de estarem no areal ou ir ao mar.
Rui Santos considera que é necessário investigar para saber como debelar a situação, mas também para saber se a alga poderá ter alguma utilização. Mas para isso é preciso investir.
Os investigadores da Universidade do Algarve, que em conjunto com colegas espanhóis, apresentaram um projeto a um programa transfronteiriço para estudar o problema, ainda aguardam resposta, mas precisam também de financiamento nacional.
"Se é um problema nacional, se as câmaras estão muito preocupadas com ele, devia haver uma iniciativa nacional para disponibilizar verba para estudar o problema, é óbvio", sentencia.
Autarca de Lagoa preocupado com a repetição da situação
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O presidente da Câmara Municipal de Lagoa lembra que no ano passado, quando a alga invasora surgiu em setembro pela primeira vez, elaborou um relatório que enviou ao Ministério do Ambiente e a entidades regionais.
"Alertando para a potencial ameaça que esta alga pode constituir quer para a biodiversidade", quer por se depositar na água e areia, deitando cheiro e atraindo insetos quando seca. Uma situação penalizadora para uma localidade que vive essencialmente do turismo.
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"Se o Município não tem capacidade per si para resolver o problema, alertamos as entidades competentes e também o Governo no sentido de dizer "é preciso tomar medidas porque isto nos pode trazer problemas"", afirma Luis Encarnação.