Ligação entre Bragança e Portimão estava suspensa há quase cinco meses, desde que terminou o segundo ajuste direto à operadora Sevenair. Agora, o Tribunal de Contas deu visto prévio para um novo contrato de quatro anos
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É retomada, esta quarta-feira, a linha aérea entre Bragança/Vila Real/Viseu/Cascais/Portimão que tinha sido suspensa a 1 de outubro do ano passado, quando terminou o segundo ajuste direto à empresa Sevenair, que operava a linha regional, enquanto decorria o concurso público internacional para a concessão do serviço por um novo período de quatro anos.
Na altura, a empresa que detém a concessão da rota desde 2009 disse não ter mais condições para continuar a operar, alegando que o Governo lhe devia 3,8 milhões de euros relativos aos dois ajustes diretos anteriores.
Agora, o Ministério das Infraestruturas e Habitação adiantou, em comunicado, que “está concluído todo o processo - concurso público, adjudicação do serviço à Sevenair, cumprimento dos compromissos financeiros, a reposição das obrigações contratuais da empresa com o Estado e o visto prévio do Tribunal de Contas – pelo que este serviço público pode ser retomado esta quarta-feira”, 142 dias depois de ter sido suspenso.
A medida é aplaudida pelo presidente da câmara de Bragança, que lamenta, no entanto, “o tempo perdido” em burocracias, receando que será agora necessário algum tempo para criar novamente o hábito nos brigantinos em utilizar esse meio de transporte. “Agora, para conquistar outra vez esses hábitos, a própria empresa vai ter algumas dificuldades, porque é normal, leva o seu tempo, estou certo que demorará pelo menos meio ano, a ter outra vez a capacidade que quando terminou. E é uma pena, porque assim Lisboa está mais perto”, diz Paulo Xavier.
O autarca de Bragança não tem dúvidas que esta ligação aérea traz enormes vantagens para a região transmontana. “Além de encurtar distâncias, cria também oportunidades de estímulo para um território que precisa de turismo, de facilitação na parte dos negócios, dinamização, reforço da própria economia e obviamente que cria condições até para o investimento que tanto necessitamos aqui no nordeste transmontano”, afirma.
Também o presidente da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes sublinha a importância da reativação da ligação aérea, até para fazer justiça ao chavão da coesão territorial constantemente utilizado pelos sucessivos governos. “É um sinal muito importante de que o nosso território não fica de fora do transporte aéreo. Portanto, tem duas vertentes muito importantes: a prática do dia a dia, da utilidade do transporte, e também a outra que tem mais a ver com a coesão territorial e com não deixar para trás as terras transmontanas, mais uma vez, incluí-las naquilo que é o acesso a transporte aéreo, que para todos os outros territórios de Portugal, incluindo ilhas, é uma coisa bastante vulgar e acessível”, refere Pedro Lima.
O líder da CIM, que congrega nove municípios do distrito de Bragança, aproveita a boleia da ligação aérea para formular um desejo da mesma abertura do Governo no transporte ferroviário. “Uma ligação ferroviária de alta velocidade que atravesse todo o norte e faça a ligação mais correta e mais direta ao resto da Europa. E isso será, sem dúvida, através do nosso território e que irá, potenciar imenso o seu desenvolvimento”, acredita Pedro Lima.
Por agora, é retomada a ligação aérea que permite a ligação entre Bragança e Portimão, no Algarve, em pouco mais de duas horas e meia, decorrente do contrato de concessão, válido por quatro anos, assinado entre o Estado e a empresa Sevenair, no final de 2024, mas que só agora obteve o visto do Tribunal de Contas. Os autarcas esperam que tenha sido a última interrupção que este serviço tenha sofrido.
