Avenida ladeada por árvores frondosas é agora "um deserto de granito". Centenas de moradores estão descontentes.
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O abate de 57 árvores na principal avenida de Vila Real pôs os habitantes da cidade revoltados com a autarquia. A Quercus lamenta que a Câmara tenha feito "ouvidos de mercador" às propostas que fez de alteração ao PEDU-Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano. O município diz que já há bastante tempo que tudo foi explicado à população e que a intervenção na Carvalho Araújo é só parte da revolução urbanística que está em curso para preparar a cidade para o século XXI.
Os poucos postais expostos na loja de fotografia de Deolinda Carvalho que mostram a estátua do herói vila-realense Carvalho Araújo, ladeado de árvores frondosas, já são do passado. "As árvores estavam a por os passeios sem se poder andar. Havia necessidade que alguma coisa fosse feita", refere Deolinda que há 47 anos gere com ao marido a loja de fotografia no cimo da rua mais "central" na cidade transmontana.
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As obras já estão em curso e das árvores só restam os troncos cortados. É lá que o povo se manifesta. "É crime cortar árvores, dizem eles, mas afinal cortaram aqui tudo. Uns dizem que vai ficar mal, outros que vai ficar bem, vamos ver". "Está mal feito. Havia de estar conforme estava". "Não concordo. Estão a transformar isto num deserto de granito", são alguns dos desabafos de pessoas que passam na avenida já sem árvores desde a manhã da passada segunda-feira e com as máquinas a trabalhar.
Para a autarquia, a Quercus, enviou um abaixo-assinado com 837 assinaturas a pedir a revisão do projeto, mas, diz Isabel Branco, não foram tidos nem achados. "(As assinaturas) São de cidadãos que consideravam aquela avenida como emblemática. Tínhamos pedido que mantivessem, pelo menos, as árvores que já lá estavam, (...) porque isto é um atentado ao ambiente aqui no centro da cidade de Vila Real. E vamos ter ali uma avenida igual a tantas outras que existem por todo o lado, em todo o mundo".
Ao corte das 57 árvores a câmara responde que ali "serão plantadas 76" e Adriano Sousa vereador do Urbanismo acrescenta que a intervenção na Carvalho Araújo "tem em vista os valores do futuro" e que com todas as obras que estão em curso na cidade, a imagem de "Vila Real mudará radicalmente".
"Uma nova era de devolução da cidade às pessoas, novos valores, novas formas de mobilidade, o valor da inclusão, o valor da sustentabilidade, o valor da sociabilização. Isso são os novos valores do século XXI. É um conjunto de obras, significativa, que vai mudar radicalmente Vila Real".
Ali ficarão zonas pedonais maiores, com trânsito mais fluente e mais possibilidades de estacionamento. A nova Carvalho Araújo estará pronta dentro de 1 ano e 3 meses e todo o Plano Urbanístico na cidade (PEDU) está orçado em 17 milhões e 200 mil euros.