O caso Tancos voltou à ribalta e motivou a primeira grande troca de acusações entre o primeiro-ministro e o candidato do maior partido da oposição. Rio acusou, Costa defendeu-se. Eis a resposta.
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António Costa "está a comentar aquilo que eu não disse, porque não tem resposta para aquilo que eu disse". É a reação de Rui Rio às palavras do socialista na troca de acusações face aos últimos desenvolvimentos do caso Tancos.
Durante uma "talk" com Henrique Neto em Leiria, Rio defendeu que o líder do PS não tem legitimidade para o acusar de hipocrisia. Há que separar as águas entre tecer considerações sobre um caso em segredo de justiça e levantar uma questão política.
"Uma coisa é quando os processos estão em segredo de justiça (...) coisa diferente é quando já é do conhecimento público, como aconteceu hoje com Tancos. Isto não tem nada a ver com eu estar me a substituir aos tribunais, nem quebrei a presunção de inocência de inocência de ninguém. É puramente político, é uma questão que se coloca", defendeu.
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As convicções que tem face ao tema da justiça mantêm-se inabaláveis, assegura. "Não gosto de ver ninguém enxovalhado na praça pública. Não gosto de ver noutros partidos, não gosto de ver no meu próprio partido".
No entanto em casos como este há "o direito", ou até "o dever" de "emitir uma opinião", argumenta.
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Em Leiria, o presidente do PSD reiterou as críticas deixadas a António Costa esta tarde, numa primeira reação ao despacho do Ministério Público que acusa 23 arguidos de vários crimes no caso do furto e recuperação do material de guerra de Tancos, incluindo o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes: "Se sabia foi conivente com um crime, se não sabia ficamos a saber que os ministros não partilham com o primeiro-ministro assuntos de maior relevo".
Fica o desafio: prove que não mentiu.
António Costa defendeu-se esta tarde dos arremessos de Rio com uma acusação para a troca: "a mim não me atingiu, infelizmente atingiu a dignidade desta campanha eleitoral".
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"O dr. Rui Rio tinha estreita obrigação de saber que eu respondi por escrito a todas as questões que a comissão parlamentar me colocou sobre este caso, e que a Comissão Parlamentar de Inquérito concluiu que nada me tinha a apontar. Rui Rio devia também saber que ao longo destes dois anos a justiça nunca me colocou qualquer questão e certamente, se tivesse alguma dúvida sobre o meu comportamento, tê-lo-ia feito. Não é aos 58 anos que lhe reconheço autoridade para fazer julgamentos morais sobre a minha atitude política."
O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes foi esta quinta-feira acusado pelo Ministério Público de abuso de poder, denegação de justiça e prevaricação no "caso de Tancos" e proibido do exercício de funções. O Ministério Público acusou no total 23 arguidos no caso do furto e da recuperação das armas do paiol da base militar de Tancos.
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Os arguidos foram acusados de crimes como terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.