Presidente social-democrata defende que o Avante! é "um festival de verão" e acusa Governo e PCP de terem falhado ao permitirem a sua realização.
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O líder do PSD, Rui Rio, acusou esta terça-feira o Governo de ter feito uma "cedência especial ao PCP" para que a festa do Avante! possa realizar-se num contexto de pandemia de Covid-19.
Em declarações à saída de uma visita ao hospital de São João, no Porto, Rui Rio diz não saber se Portugal é um país "a duas velocidades ou com uma velocidade normal para tudo o que é normal e uma velocidade especial para a questão da festa do Avante!".
Recordando que Portugal "já foi um exemplo positivo no estrangeiro da luta contra a pandemia", Rio lamenta que o Avante! se tenha tornado num "exemplo negativo", referindo a notícia que o New York Times publica sobre a autorização da DGS para a realização do evento.
"É um festival de verão como muitos outros, só que com um comício político associado. Na verdade não são comícios políticos uns atrás dos outros durante três dias, portanto é um festival de verão", classifica o líder do PSD, desejando que o mesmo "não tenha consequências naquilo que é a forma como os outros países estão a ver o combate à pandemia".
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Numa crítica ao Governo liderado por António Costa, o presidente do PSD defende que "há uma cedência especial ao PCP porque não se justifica, não tem racionalidade e mais nenhum partido faz isto, suspenderam as aberturas".
O líder do PSD lembra o exemplo do partido, que tem o Pontal ou Chão da Lagoa como "comícios políticos" e que cancelou os mesmos, para os comparar com o Avante!, que reforça ser uma "festa" e que embora classifique de "bem organizada e com mérito", diz não poder gozar dessas qualidades "em 2020".
Questionado sobre quem falhou, Rio defende que "falha em primeiro lugar o PCP, que faz aquilo que não devia fazer e falha o Governo, que o permite e dá estas facilidades".
Neste caso, salientou, "já não é uma falha, é um erro realmente grave" permitir um evento com mais de 16 mil pessoas, "quando é isso que nós temos de evitar", a dias da entrada do estado de contingência.
E, estendendo a questão às responsabilidades de possíveis linhas de contágio, Rio inverte a ordem: "Se vierem a ser identificadas, aí é ao contrário: o Governo em primeiro lugar e o PCP em segundo."
O líder dos sociais-democratas admitiu ainda que é lícito pensar que a autorização para a realização da Festa do Avante é uma forma de o Governo "cair nas boas graças" do PCP numa altura em que estão em curso negociações no âmbito do Orçamento de Estado de 2021.
"A certeza nunca teremos, mas é lícito pensar que possa ser essa a razão, ou uma das razões", rematou.
A 44.ª edição da Festa do "Avante!", que se realiza entre 04 e 06 de setembro, só vai ter lugares sentados nos diversos espetáculos, incluindo no maior e principal palco denominado 25 de Abril, segundo o Plano de Contingência divulgado pelo PCP.