Rui Rio comentou a decisão do PSD/Madeira de manter em aberto o sentido de voto à proposta de Orçamento do Estado para 2020 e confessou "ambição" de vencer Câmara de Lisboa em 2021.
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O presidente do PSD e recandidato ao cargo, Rui Rio, disse esperar que as eleições diretas para a liderança do partido sejam "um ato limpo e democrático", com "regras iguais" em todo o continente e regiões autónomas.
Esta terça-feira, secretário-geral do PSD/Madeira, José Prada, afirmou que cerca de 2.500 militantes social-democratas do arquipélago que a estrutura regional considera terem as quotas pagas vão votar no próximo sábado, apesar de a secretaria-geral nacional indicar que apenas 104 estão em condições de o fazer.
Em causa está o modo de pagamento das quotas, que deve ser por transferência bancária, débito ou vale postal, conforme o regulamento aprovado no Conselho Nacional do partido, em novembro de 2019, enquanto a maioria dos militantes na Madeira paga as quotas diretamente na sede.
Hoje, na apresentação da sua moção de estratégia global, em Lisboa, Rui Rio disse querer "fazer votos", uma vez que está na reta final da campanha.
"Que este ato seja um ato democrático, que seja um ato limpo", desejou.
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O líder social-democrata lembrou que a sua direção procedeu a uma alteração no regulamento de pagamento das quotas, de modo a que só o militante tivesse acesso à referência para as regularizar, de forma a "terminar com aquela vergonha de andarem meia dúzia a pagarem as quotas de todos os outros".
"Hoje alguém pode pagar a quota de outro, mas para o fazer tem de ter a anuência dele, tem de ser ele a fornecer o código", afirmou, dizendo que não resolveu completamente o problema, mas "deu um passo gigantesco".
"Estas regras têm de ser iguais para todos, em todo o continente e regiões autónomas. Eu espero que seja um ato limpo e em que se respeitem as regras em igualdade para todos sem exceção", avisou, num 'recado' que parece dirigido ao PSD/Madeira.
Rio confessa "ambição" de vencer Câmara de Lisboa
Rui Rio manifestou ainda a ambição de vencer a Câmara de Lisboa em 2021, defendendo que tem de ser escolhido como candidato quem for "competente e leal", voltando a apontar as próximas autárquicas como determinantes para o PSD, depois das derrotas de 2013 e 2017.
Como objetivo, apontou "mais do que eleger muitos presidentes de câmara, eleger muitos mais vereadores", e dedicou uma atenção particular à capital, concelho onde reivindica ter passado dos 11% das últimas autárquicas para 25,5% nas legislativas.
"Demonstra que nós podemos olhar - e agora falo particularmente de Lisboa - para a câmara municipal com ambição de ganhar. Temos é de nos saber comportar", afirmou.
Como exemplo do que não pode acontecer, Rio referiu as autárquicas de 2013 em Sintra - em que o PSD candidatou o ex-líder da distrital de Lisboa e deputado Pedro Pinto e foi a terceira força política mais votada, atrás de Basílio Horta (PS) e de Marco Almeida, que concorreu como independente.
"Aquilo que nós temos de fazer em todo o lado e particularmente aqui - conhecendo como isto funciona em Lisboa - é que não podemos escolher o amigo, a amiga, o companheiro, nós temos de escolher quem está em melhores condições. Não é por ter estado a favor ou contra, desde que seja competente e leal, aí está em condições de ir, se não for nem competente nem leal pode ser amigo, mas não pode ir", defendeu, recebendo um forte aplauso.
Na sua intervenção de cerca de meia hora, Rio reiterou qual o estilo de oposição que defende desde sempre.
"Só vejo penáltis a favor da minha equipa"
"Tem de ser credível e feita de forma construtiva, eu não concebo uma oposição destrutiva (...). Quando estamos na vida pública é para construir e não para destruir. Alguém que está para destruir não está para servir o país", afirmou.
O líder do PSD assegurou "não ser ingénuo", mas também não estar de "má-fé", o que considera implica "denunciar aquilo que está mal" na ação do Governo, mas também "ter a grandeza" de concordar com o que está bem.
"Só numa visão futebolística é que só vejo penáltis a favor da minha equipa", ironizou, considerando que "muitas vezes os partidos andam a procurar discordâncias onde elas não existem".
Como principais falhas do Governo, o líder do PSD destacou o "persistente aumento da carga fiscal", a "degradação" dos serviços públicos, o "fraco" investimento público e a "ausência de reformas" na administração pública.
O líder do PSD fez questão de saudar, além da ex-líder do partido Manuela Ferreira Leite, duas pessoas presentes na sala que trabalharam diretamente com o fundador Francisco Sá Carneiro: Ângelo Correia e Pedro Roseta.
Quem é a "muleta" do PSD?
Rui Rio nunca se referiu diretamente aos seus adversários nas diretas, mas, antes, o vice-presidente David Justino apontou implicitamente a Luís Montenegro.
"O PSD tem uma força enorme que não vem só de dentro, mas, acima de tudo, vem da sociedade", afirmou, numa referência ao 'slogan' de campanha do antigo líder parlamentar social-democrata.
Já Paulo Ribeiro, ex-líder da concelhia de Lisboa, e mandatário distrital, foi mais concreto no ataque ao outro candidato, Miguel Pinto Luz, desafiando-o a esclarecer se mantém a posição que afirmou na Madeira em relação ao orçamento.
"Afinal quem é a muleta do PS? É o PSD de Rui Rio que vota contra o orçamento ou é o PSD de Miguel Pinto Luz que encara com naturalidade que deputados do PSD/Madeira façam passar o orçamento do Governo do PS?", questionou.
Pelo menos 40 mil militantes do PSD com as quotas em dia podem votar nas diretas para escolher o próximo presidente, segundo dados provisórios disponibilizados no site do partido após o encerramento dos cadernos eleitorais, em 22 de dezembro.
Na Madeira, apenas 104 militantes são contabilizados no 'site' oficial do PSD como tendo a conta em dia, de um universo de mais de 10 mil militantes ativos nesta região autónoma (com pelo menos uma quota paga nos últimos dois anos).
O atual presidente do PSD, Rui Rio, o antigo líder parlamentar Luís Montenegro e o atual vice-presidente da Câmara de Cascais são os candidatos a votos, nas primeiras diretas em que haverá uma disputa a três.
Se nenhum deles obtiver no sábado "a maioria absoluta dos votos validamente expressos", 50%, a segunda volta realiza-se uma semana depois, dia 18, entre os dois candidatos mais votados.