Rui Rio baralhou e voltou a dar com a proposta para adiar a marcação das eleições internas. Oposição interna foi apanhada desprevenida, mas vê na estratégia de Rio um sinal de "desespero" para "ganhar tempo". Conselho Nacional promete ser longo.
Corpo do artigo
Os astros estavam alinhados para a discussão das diretas no Conselho Nacional desta quinta-feira à noite, mas uma convocatória à imprensa ontem ao fim da tarde apanhou toda a gente desprevenida, a começar na oposição interna de Rui Rio. Mas já lá vamos... Primeiro, o apelo: refletir, tendo em conta o fantasma de eventual crise política, se é sensato marcar já as internas.
"Acho que os conselheiros deviam ponderar bem a situação em que o PSD se pode meter se marcarmos as eleições", disse Rui Rio aos jornalistas, considerando que seria de "bom senso" pensar em marcar as diretas ultrapassada a discussão (e votação, claro!) do Orçamento do Estado para 2022.
Com este pedido, o Conselho Nacional, que ia deliberar sobre se as diretas podiam acontecer a 4 de dezembro ou, em alternativa, a 8 de janeiro, vai assim ter de começar pelo adiar destas internas. A estratégia dá tempo a Rio para continuar no processo de decisão, que é como quem diz, ver que força tem no aparelho.
Isto porque ninguém espere que ele anuncie o que quer que seja neste Conselho Nacional. De resto, quando questionado, o líder social-democrata remeteu para adiante: "essas matérias são depois do Conselho Nacional".
TSF\audio\2021\10\noticias\14\filipe_santa_barbara_antecipacao_cn_psd
Mas os sinais estão lá: nos círculos próximos de Rio acredita-se que ele vai à luta, mas estão ainda de calculadora na mão. Até se acredita que Paulo Rangel estaria com "ligeira vantagem neste momento", mas ninguém dá essa vantagem como garantida até ao fim porque há silêncios que ainda não foram quebrados e valem ouro. No caso, votos.
Em todo o caso, Rio deixou também uma pista de que está com vontade ou, pelo menos, capaz de ir à luta para ser primeiro-ministro.
À pergunta "sente-se capaz para ir a eleições antecipadas?", Rio foi taxativo: "Eleições legislativas? Claro! Isso é evidente, sou o líder do partido, fui o candidato a primeiro-ministro em 2019, liderei todo este tempo... Se amanhã houver eleições quem é que é o candidato?".
TSF\audio\2021\10\noticias\14\paulo_baldaia_09h
Afirmação ainda complementada com um "depois de sair das autárquicas ainda é mais fácil", esperando-se que Rio faça valer precisamente os resultados das eleições do passado dia 26 de setembro na reunião com os conselheiros nacionais.
Para já, no xadrez laranja, resta saber que jogada fará Paulo Rangel. Nos bastidores, a dúvida não é "se", é "quando é que ele avança". Certo é que este movimento de última hora de Rio apanhou desprevenidos alguns dos críticos que consideram tratar-se de "uma jogada arriscada" do presidente do PSD. E até vão mais longe: fontes ouvidas pela TSF dizem que é "uma atitude que revela desespero e que é apenas e só um balão de oxigénio para ganhar tempo e tentar angariar apoios".
Sendo ou não essa a motivação, a verdade é que a estratégia pode surtir esse efeito e adiar mais um pouco a questão da liderança interna do partido, fazendo-a avançar consoante o andamento do Orçamento do Estado. Já quanto à discussão... essa não está adiada e promete durar toda a noite desta quinta-feira no Conselho Nacional do partido que vai ter lugar em Lisboa.