Presidente do PSD sublinha que este é o momento de remar toda a gente para o mesmo lado, não pede a demissão do governo, mas aponta "azelhices" como plano de vacinação. Rui Rio, na TVI, diz esperar um Presidente da República mais exigente neste segundo mandato e desvaloriza resultados e "bazófias" da extrema-direita.
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Pedir demissão do Governo? "Nem me ocorre fazer uma coisa dessas". A frase é de Rui Rio e é justificada com o atual cenário do país porque, diz o presidente do PSD, "o pior que poderia haver agora era uma crise política em cima da crise pandémica".
Em entrevista à TVI, o líder social-democrata sublinha que Portugal está numa situação em que todos devem "remar para o mesmo lado e ajudar", ainda que "de forma crítica", mas sem criar boicotes. "Não está na hora de tentar pôr cascas de banana ao Governo para ver se a coisa corre mal e ganhar votos com isso, não é para isso que estou aqui, nunca foi na minha vida", diz Rio.
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Ainda assim, Rio não se inibe de fazer críticas. Da demissão da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, por causa da indicação do procurador europeu ou até à "azelhice de todo o tamanho" na gestão do plano de vacinação. E é aí que Rui Rio também espera uma mão de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Gostava de ver o Presidente da República, no seu segundo mandato, um pouco mais crítico e mais exigente com o Governo", sublinha o líder do PSD dando o exemplo de que Marcelo devia "vir a terreiro" exigir planeamento na gestão da crise sanitária ou nos "ziguezagues" do Executivo em relação à educação e às vacinas.
Das "bazófias" de Ventura ao desvalorizar da extrema-direita
No rescaldo dos resultados eleitorais das presidenciais, Rui Rio tomou nota do que André Ventura gritou na noite eleitoral: "PSD, ouve bem, não haverá Governo de direita sem o Chega".
Perante isto, Rio desvaloriza: "Enquanto for assim, com essas bazófias, acho que estamos bem, nós portugueses, em relação à extrema-direita".
Traçando diferenças com os "irmãos" alemão, espanhol e francês do Chega, Rui Rio crê que a força do Chega possa vir a perder terreno porque "é um partido pela negativa".
"O Chega é um partido porque está inscrito no Tribunal Constitucional, mas é acima de tudo uma federação de descontentes. Une-se pela negativa porque é contra isto, aquilo e aqueloutro. Ninguém consegue ter um partido forte e com eleitorado sustentado quando é pela negativa. Na Alemanha, em Espanha, em França, não é exatamente assim, é muito mais perigoso", aponta Rio.
Feito este diagnóstico, o presidente do PSD continua a defender que não se senta para negociar com o Chega em futuras eleições legislativas: "excluo um acordo com o Chega nos termos daquilo que o Chega neste momento é".
Ou seja, o mesmo argumento já utilizado no passado de que "se o Chega se moderar". E aí, como com qualquer outro partido, Rui Rio nota o que poderia levar para uma negociação. "Cedo em prioridades. Se o meu governo tem estas prioridades, ele pode chegar e dizer que a décima tem de passar para segundo, a oitava tem de passar para sexta...", explica.
Uma coisa é certa: para Rio nenhuma negociação (à direita ou à esquerda) pode atentar contra os valores defendidos por ele, pelo PSD e por Sá Carneiro.
E, mesmo sem ser questionado sobre isso, Rui Rio fez questão de deixar um recado para aqueles que o "andam a aconselhar a olhar para a direita e fazer um discurso mais pesado, mais à direita, para ir captar esse eleitorado mais descontente". "Não faço, não faço, nunca fiz na minha vida", vinca Rio.
"A minha postura não é à direita, sempre fui um homem ao centro. O meu papel e o papel do PSD é captar as pessoas para as minhas ideias, não é mandar fazer um estudo de mercado e dizer aquilo que o estudo de mercado me diz para dizer", conclui o presidente do PSD alertando que não vai fazer "um discurso meramente oportunista e tático".