A associação Odiana e a autarquia de Castro Marim estão a celebrar o mês do idoso com uma série de iniciativas dirigidas aos mais velhos.
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O auditório está composto e há um burburinho no ar, até que não se inicia a iniciativa agendada. Na Biblioteca Municipal de Castro Marim é dia de ouvir falar de saúde mas também de dar umas risadas. E é sobretudo o humor que leva ali aquelas pessoas mais velhas do concelho de Castro Marim. Muitas vieram dos montes, trazidas pelo autocarro da câmara municipal.
O humorista Serafim veio do Alentejo animar esta população. Faz o espetáculo de acordo com a plateia que tem à sua frente. Lembra que no tempo de todos os que estão ali eram raros os que tinham pediatra. "Hoje os filhos têm ranho e as mães telefonam para o pediatra a dizer: 'Sr. doutor, o meu filho tem as mucosas obstruídas'", diz, arrancando gargalhadas. "Quando eu aparecia assim ao pé da minha mãe ela dizia: 'Já tens a vela acesa?'" Este momento de humor é uma das muitas iniciativas que estão a ser levadas a cabo durante o mês de outubro pela associação de desenvolvimento local Odiana e a câmara Municipal de Castro Marim. Estão previstos passeios a pé e de barco, aulas de zumba, hidroginástica, idas a Lisboa ao teatro, entre outros eventos.
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Mas antes do momento de animação desse dia, aquelas pessoas, muitas que vieram do interior do concelho, ouviram Sandra Pais dar-lhes indicações sobre saúde. Escutam que é essencial fazerem exercício físico, caminhadas. "O ideal é que façam a caminhada, descansem um bocadinho e só depois ponham a conversa em dia", brinca.
A investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Algarve é também membro do Observatório Nacional do Envelhecimento e do que tem estudado percebe que, geralmente, as populações do interior, que vivem nos montes, são mais ativas do que as da cidade. "Eles mantêm as suas rotinas, o ir dar comer às galinhas, o ir à horta, têm uma rotina que do ponto de visto cognitivo faz com que se mantenham estimulados", afirma.
Sandra Pais explica que para estas pessoas mais velhas rir é essencial, até porque muitas vivem isoladas e longe dos filhos. E como rir faz bem à saúde, em cima do palco, o humorista Serafim não se faz rogado. Ensaia uma comparação entre os cumprimentos que se faziam nas gerações do passado e as que se fazem no presente. "A gente dizia dá cá um passou-bem, joga-me esses ossos, agora os vossos netos dizem ya bro, tá-se bem?" Uma frase que, mais uma vez faz rir todas as cabeças grisalhas que ali se encontram.
Estas iniciativas estão a ser acompanhadas pelo Observatório do Envelhecimento. A vice-presidente da autarquia de Castro Marim acredita que elas trarão bons frutos. "Cremos que também irá trazer indicadores para a ação pública no futuro e esperemos que se comprove que estes investimentos trazem muitos resultados na longevidade com qualidade da nossa população", afirma Filomena Sintra.
Maria Segura foi das que mais riu, estar ali até a fez esquecer das dores que a atormentam, e elogia a iniciativa. "A gente sai de casa para conviver, senão não saímos para lado nenhum."
E já depois de tudo acabar, enquanto prova o lanche fornecido pela autarquia, António Fernandes, 73 anos, garante que assistir a estes convívios é o que de melhor tem na vida. "Você já viu tantas pessoas idosas aqui... um espetáculo daqueles com o Serafim, riram uma hora e rir faz bem!", assegura.