A Roche Farmacêutica suspendeu, esta segunda-feira, o pagamento a crédito a 23 hospitais públicos com dívidas há mais de 500 dias, anunciou a empresa.
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Em comunicado, o laboratório lembra que «os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) acumulam já uma dívida à Roche Farmacêutica superior a 135 milhões de euros», além de juros de mora no valor de seis milhões de euros, e um atraso médio no pagamento superior a 420 dias.
No caso destes 23 hospitais, apresentam «dívidas acumuladas há mais de 500 dias, chegando mesmo em alguns casos a superar os mil dias, em claro incumprimento do prazo de pagamento de 60 dias, acordado contratualmente por ambas as partes».
«Face à ausência do referido plano de pagamentos, não resta à Roche Farmacêutica outra opção além de implementar uma nova política comercial», que entra em vigor esta segunda-feira.
Esta nova política comercial, indica o documento, passa por suspender o crédito aos 23 hospitais, continuado a empresa a assegurar a venda de medicamentos, mas a pronto pagamento no que diz respeito a estas unidades de saúde.
A empresa garante que esta decisão «é plenamente justificada pelo reiterado e sucessivo incumprimento dos compromissos assumidos anteriormente pelos referidos hospitais».
A Roche tinha já anunciado, em novembro passado, a intenção de implementar uma nova política comercial, decisão que foi «temporariamente suspensa na sequência de conversações com o Ministério da Saúde, nas quais foi transmitido à Roche Farmacêutica o compromisso de apresentar, até dia 31 de Janeiro, um plano de pagamento da dívida total vencida - o que, infelizmente, não se veio a concretizar».
No passado dia 06, a Roche informou «formalmente o Ministério da Saúde, Infarmed e Conselhos de Administração dos referidos Hospitais, que, embora compreendendo as dificuldades inerentes à atual conjuntura económica e financeira, a nova política comercial seria impreterivelmente implementada» a partir de hoje, para «garantir a sustentatibilidade económica da empresa em Portugal».
Uma reunião na passada sexta-feira no Ministério da Saúde resultou infrutífera, uma vez que «não foi possível encontrar uma solução satisfatória».
A Roche Farmacêutica reforça que «continua disponível para negociar um acordo justo e equilibrado para todas as partes interessadas».
«Estamos confiantes que serão criadas as condições necessárias para que doentes e profissionais de saúde nunca fiquem privados dos nossos medicamentos», prossegue o comunicado.
A oncologia é a principal área dos medicamentos da Roche Farmacêutica comercializados em Portugal.
Contactada pela TSF, a multinacional suíça recusou fazer qualquer declaração, remetendo tudo para o comunicado emitido esta segunda-feira de manhã.
A TSF contactou também o Ministério da Saúde, mas ainda não obteve resposta.
Pelas informações recolhidas pela TSF, o Instituto Português de Oncologia (IPO), o Hospital Santa Maria, em Lisboa, e o Hospital São João, no Porto, não estão na lista.