Chama-se White Riot, nome do movimento que em 1978 se levantou contra o racismo da Frente Nacional britânica. No quarto dia de festival, o Indie vai debruçar-se também sobre o colonialismo português.
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"White Riot", nome de canção do grupo punk The Clash, é um documentário ao som do rock e do punk, foi realizado por Rubika Shah, cuja obra cinematográfica, tem incidido nas culturas juvenis e nestes géneros musicais. O filme foi premiado no ano passado no festival de cinema de Londres: "A história é sobre o carnaval Rock contra o Racismo de 1978, liderado pelos Clash, mas na verdade é sobre o pessoal que esteve na organização e o que passou para conseguir juntar 200 mil jovens que marcharam de Trafagal Square até Vitória Park contra a extrema-direita". Música de rua, "que sabe quem é o verdadeiro inimigo, música contra o racismo", como afirma no filme um dos organizadores do evento que marcou a capital britânica no fim dos anos 70 do século passado.
"White Riot" passa às 21h30 na sala 3 do cinema São Jorge. Quinze minutos depois começa no pequeno auditório da Culturgest mais uma sessão da retrospetiva da obra de Mati Diop, realizadora franco-senegalesa apresentada por Mafalda Melo, diretora e programadora do Indie Lisboa: "Já venceu o prémio de curtas-metragens no festival, é um cinema que aborda questões relacionadas com o "nós" e o "outro"." A sua origem franco-senegalesa e a sua origem familiar cinematográfica "fazem com que ela esteja atenta a essas questões" mais identitárias, embora sua ainda curta carreira, (tem 38 anos de idade) tenha já "o dom de realizar filmes muito diversos entre si". Nascida em Paris, mas descendente de uma proeminente família senegalesa, Mati Diop é filha de um músico e sobrinha de Djibril Diop Mambéty, realizador, ator, compositor e poeta senegalês. Mati estreou-se na longa-metragem com Atlantics (2019), premiado em Roterdão e selecionado para a Palma de Ouro em Cannes.
Outra proposta, às 19h00, na Cinemateca, é "Fantasmas do Império", de Ariel de Bigault. A realizadora francesa propõe uma reflexão em documentário sobre "o imaginário colonial no cinema português". O filme coloca em diálogo dois atores africanos - o angolano Orlando Sérgio e o são-tomense Ângelo Torres - com realizadores e investigadores sobre o património cinematográfico português relacionado com o colonialismo.