Rosas com espinhos em arruada. Costa aceitou reclamações e levou trabalho para casa
As reformas e a habitação, dois temas centrais para o Partido Socialista, foram alvo de críticas durante a arruada de Moscavide.
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Uma banda a ensaiar, rosas e panfletos prontos a entregar a quem está na Avenida de Moscavide. É este o cenário que António Costa encontra quando chega à rotunda desta localidade, o sítio marcado para começar a tradicional arruada.
O compasso da música dá o sinal de partida e é hora de começar a caminhada. Costa segue rodeado de dezenas de pessoas e à frente abre-se caminho com entrega de rosas vermelhas. Há quem já o conheça. "Não é a primeira vez que o vejo aqui", atira uma das pessoas que conseguiu um "beijinho do primeiro-ministro".
"É para continuar lá [no Governo], é o único partido amigo dos ciganos", diz Vitória, uma das mais animadas durante a arruda. Porém, nem só de beijos, apoios e forças se fez o percurso de Costa. O secretário-geral ouviu queixas nas ruas, com duas histórias que tocam em temas centrais para os socialistas: reformas e habitação.
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À espera da reforma há dois anos
Aos 68 anos, Elsa Maria Pinto está desiludida com o Governo. Há dois anos pediu a reforma, numa altura em que tinha "66 anos e três meses" e logo que soube que podia pôr fim à vida ativa. A costureira vê o líder socialista a aproximar-se e ouve um conselho da prima: "Vai lá, diz-lhe. Com educação, mas diz-lhe."
"Vou lá, vou. Até tenho aqui o papel." Com os nervos, o papel até cai da carteira, mas a verdade é que está lá e data de 3 de novembro de 2017. Mostra-o a Costa, conta-lhe a história por alto, tudo resumido. O sorriso do líder socialista já não está lá, mas compromete-se a fazer algo. "Posso ficar com o número? Vou ficar com o número para ver o que aconteceu", diz.
A prima de Elsa vai dentro do oculista e traz uma fotocópia. Costa guarda a folha no bolso de dentro do casaco. "Obrigada e felicidades", diz, prosseguindo caminho.
A queixa do aumento da renda
Pouco antes, um morador da Quinta das Laranjeiras interpelou o líder do PS. "Quando é que as casas são nossas?", questionou Abel Ferreira. A resposta de Costa vem rápido e direcionada à autarquia: "Tem de perguntar à Câmara."
"As casas ao fim de 20 anos eram nossas. As casas nem as pagou a Gebalis nem a Câmara, foi lá fora que deram os bairros para a pobreza", recordou Abel, que tem a Câmara em tribunal, depois de ter havido um aumento da renda de 19,21 euros para 150.
O conselho do secretário-geral do PS vai ser cumprido: "Vamos apertar com eles, ele diz para apertar". Apesar do desabafo, o voto de Abel Ferreira vai para o PS, admite que é fiel ao partido e que a "cruz" no boletim está escolhida.
Com a existência de 26 mil famílias sem habitação condigna, António Costa tem colocado o tema como uma das prioridades do PS e um dos grandes objetivos para a próxima legislatura.