Em dez anos, o mar na zona costeira de Ovar pode ter subido cerca de 400 metros.
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Em Ovar, onde Rui Rio esteve nas praias de São Pedro de Maceda e do Furadouro para perceber o impacto da subida das águas do mar e a necessidade de Portugal seguir a tendência europeia de criação de lei de bases do clima, o presidente do PSD lembrou que a Assembleia da República vai debater na próxima quinta-feira a lei de bases do clima, proposta pelos sociais-democratas.
Nos últimos anos houve infraestruturas engolidas pelo mar e cerca de cem pessoas deslocadas. Uma região onde, se nada for feito, diz o presidente do PSD, as deslocações podem chegar aos milhares. "Já levou um campo de futebol", que estava onde hoje está a rebentação do mar num dia de mar calmo e de maré baixa, as dunas desapareceram por completo e, no inverno, nas zonas habitacionais, a água do mar entra nas casas e estabelecimentos comerciais.
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Em dez anos, o mar na zona costeira de Ovar pode ter subido cerca de 400 metros e Rui Rio, presidente do PSD, ouviu as explicações do autarca local, Salvador Malheiro, acerca daquilo que tem sido feito, mas sobretudo sobre aquilo que é preciso fazer para conter a situação.
"Gastámos dois milhões de euros para deslocalizar cem pessoas. Para o Furadouro, se adotarmos a mesma estratégia, precisamos de 100 milhões de euros. O que temos andado a dizer é que devemos testar obras de engenharia pesada. Mas até agora nada", refere o edil.
A Câmara de Ovar está a desenvolver um projeto de dois quebra-mares, com custo de 20 milhões de euros. Contudo, Salvador Malheiro diz que o valor não pode ser suportado pela autarquia. "Dois milhões ainda conseguimos, mas 20 milhões, ou pior, cem milhões, é impossível", acrescenta em diálogo com Rui Rio na praia de São Pedro de Maceda.
Rui Rio passeou pela marginal do Furadouro, fez perguntas e concluiu: "No caso de Maceda, atingirá uma lixeira desativada e, no caso de Cortegaça, atingirá um parque de campismo, que há 10 anos estava a 400 metros da linha da costa e que agora está em cima da linha de rebentação."
Por isso, considera o líder do PSD, Portugal precisa de uma lei de bases do clima, pois "dá orientação daquilo que Portugal deve fazer em termos de produção legislativa, sendo fundamental para o futuro e até para passarmos do discurso bonito do ambiente, e que é bom que se comece a fazer, para uma prática mais atuante nesta matéria", acrescenta.
No caso concreto de Ovar, as obras de engenharia propostas pela câmara atenuam o impacto durante algum tempo, mas a visão em relação ao clima e ao ambiente, diz Rui Rio, tem de ser mais geral, como a redução drástica das emissões de carbono.
A autarquia de Ovar teme que, em dez anos, tenha de deslocar cerca de 2 mil habitantes de Furadouro. A solução, ainda que temporária, pode passar pela construção de dois quebra mares, que custam na ordem dos 20 milhões de euros. Contudo, Salvador Malheiro, autarca local, diz que a autarquia não consegue suportar este valor e precisa de apoio do Estado.