Rutura de conduta teve impacto «marginal» em cheia em Coimbra - Proteção Civil

CARLOS JORGE MONTEIRO/GLOBAL IMAGENS
A Proteção Civil informou hoje que a inundação no sábado passado no Cabouco, Coimbra, ocorreu devido à precipitação «muito forte», considerando que a rutura de uma conduta entre barragens teve um «contributo marginal» para a cheia.
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Na manhã de sábado, doze casas foram inundadas e uma estrada cortada, no Cabouco, concelho de Coimbra, para além de outra estrada municipal ter ficado intransitável na Pampilhosa da Serra, concelho onde ocorreu uma rutura numa conduta que liga as barragens do Alto Ceira e de Santa Luzia.
Após uma reunião extraordinária do Centro de Coordenação Operacional Distrital de Coimbra, realizada hoje de manhã, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) afirmou hoje ao final da tarde que, apesar de a rotura na conduta de transvase poder «ter contribuído para as inundações», até ao momento, os dados apontam para que «esse contributo seja marginal».
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Proteção Civil referiu que esta primeira análise «parece indiciar que as inundações estarão associadas à ocorrência de precipitação muito forte» na região de Coimbra, contrariando a causa referida no sábado pelo Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS), que apontava para a rutura na conduta entre as barragens.
Segundo a ANPC, a chuva forte na região já tinha sido prevista pela entidade, que «difundira a nível nacional», na sexta-feira passasa, um aviso à população.
A ANPC disse ainda em comunicado que está «a ponderar» realizar uma «análise profunda, que possa também suscitar propostas de melhoria do sistema de alerta e aviso».
A Câmara de Coimbra requereu, no dia da inundação, um inquérito por parte da Autoridade Nacional da Proteção Civil para apurar responsabilidades na cheia do rio Ceira, que afetou a localidade de Cabouco.
A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) sublinhou que o inquérito tem de explicar «a falha que terá levado» à rutura da conduta de transvase entre as barragens do Alto Ceira e de Santa Luzia, na Pampilhosa da Serra, bem como perceber porque é que o sinal de alerta foi lançado «duas horas depois» do incidente na conduta, que considerou «inaceitável».
O rebentamento da conduta terá ocorrido por volta das 06:00, sendo que a primeira «comunicação foi de um cidadão, às 08:07», explicou o presidente da CMC, Manuel Machado, em conferência de imprensa.
O plano de segurança de barragens «tem de ser revisto» e «reexaminado», sublinhou, exigindo a «identificação dos responsáveis», por o incidente ter posto «em causa normas elementares da proteção civil».
Também no sábado passado, a EDP disse à Lusa que a chuva foi a causa da cheia do rio Ceira, considerando que o impacto da rutura da conduta foi «residual».
Segundo fonte da EDP, «o caudal escoado na zona que sofreu a rutura foi diminuto face ao caudal que passou pela barragem, pelo que este facto não deve ser apontado como causa das cheias em curso».