Depois de ter ameaçado encerrar a base de Faro, a Ryanair vai manter 40 dos 120 trabalhadores. No entanto, o SNPVAC acusa o Governo de dar melhores condições à empresa irlandesa do que a outras companhias aéreas que operam em Portugal.
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Os 40 tripulantes da Ryanair que, em princípio, continuarão a trabalhar na base de Faro receberam da companhia aérea irlandesa um documento com exigências. Luciana Passo, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), diz que os trabalhadores "receberam uma carta com um novo contrato, em que o vencimento é reduzido", conta.
Além disso "têm que declarar que vão prescindir de quaisquer créditos laborais do passado". De acordo com a sindicalista, "perante as contas feitas pelos tripulantes, os vencimentos baixariam umas centenas de euros".
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O sindicato já pediu a mediação da Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).Porém, não é a primeira vez que a Ryanair faz exigências aos seus trabalhadores nos contratos de trabalho. "Uma das cláusulas que, à luz da lei portuguesa, é nula, mas que vinha nos contratos de trabalho, é a de que eles [trabalhadores] estavam impedidos de se sindicalizarem e de intentarem alguma greve contra a empresa", refere a sindicalista.
Em Faro, vão ser despedidos 80 trabalhadores contratados para a Ryanair através de uma empresa de trabalho temporário e que se encontram nesta situação há oito e dez anos.
A base de Faro da empresa irlandesa vai permanecer, embora com menos aviões, apenas depois de uma intervenção do executivo português. Luciana Passo acusa a Ryanair de amedrontar constantemente os seus trabalhadores e aponta o dedo ao Governo. "Ao mesmo tempo, a senhora secretária de Estado [do Turismo] foi negociar com a empresa e com a ANA melhores condições para a Ryanair nos aeroportos portugueses", conta. "Porque é que a Ryanair há de ter melhores condições do que qualquer outra companhia que opera em Portugal?" questiona.