Na conferência dos 20 anos da TVI, este ex-Presidente explicou que «não é possível estar em casa a ver uma detenção na televisão de uma pessoa que nem sequer sabe se foi notificada».
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Jorge Sampaio confessou-se muito preocupado com as constantes violações do segredo de justiça, algo que considerou ser o principal problema do binómio jornalismo/democracia.
Na conferência dos 20 anos da TVI, este ex-Presidente da República defendeu mesmo o combate «direto e brutal» a este tipo de violações.
«Não é possível estar em casa a ver uma detenção na televisão de uma pessoa que nem sequer sabe se foi notificada do que quer que seja», acrescentou.
Sampaio defendeu, contudo, que «precisamos de ter menos segredo de justiça em coisas não essenciais», muito embora, tenha lembrado que é preciso que continue a haver segredo de justiça.
«Protege os direitos individuais, não dificulta a investigação, mas ao mesmo tempo tem de ser uma garantia de que não estou na praça pública sem me poder defender», lembrou.
O antigo chefe de Estado recordou ainda que neste tipo de situações «quando me poder defender e for absolvido daqui a cinco anos já ninguém se lembra do que aconteceu e fiquei com uma fama completamente desgraçada».
Sampaio disse mesmo que chega a «sorrir» quando ouve falar em grandes investigações do Ministério Público para apuramento das circunstâncias em que o segredo de justiça é violado.
«Cada processo é mexido por cerca de 40 pessoas. O problema não está só aí, mas em quem publica, quem faz e quem comunica. Este é um problema decisivo para termos confiança na nossa justiça e na nossa informação», concluiu.