A dispensa de funcionários deverá passar por um plano de reformas antecipadas e pré-reformas
Corpo do artigo
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa quer dispensar 207 trabalhadores até ao próximo ano. A intenção consta do plano de reestruturação, entregue em julho à ministra do Trabalho e apresentado, esta semana, aos dirigentes da Santa Casa.
O jornal Público revela que a dispensa de funcionários deverá passar por um plano de reformas antecipadas e pré-reformas, o que irá resultar na redução do número de trabalhadores para perto de 5800 em 2025. Além disso, a nova direção da Santa Casa, liderada por Paulo Duarte de Sousa, nomeado pelo Governo de Montenegro, a Santa Casa pretende reverter as contas negativas dos últimos anos e aumentar as receitas.
Ouvido pela TSF, Joel Canuto, presidente do sindicato dos trabalhadores em funções públicas e sociais, não compreende que até na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa as reestruturações comecem por despedir trabalhadores.
"Eles irão mais uma vez incidir naquilo a que a administração considera um custo, que são os trabalhadores e os seus direitos. Além desta preocupação, uma outra que prevê também a alienação do património e, portanto, mais uma vez irá ser em quem garante o funcionamento da instituição, que são os trabalhadores", considera, lamentando que os planos de reestruturação nunca passem pelo descongelamento das carreiras, nem pelas escolhas para a administração.
"Não se está a falar aqui, por exemplo, dos descongelamentos das progressões destes trabalhadores que têm tido uma diminuição dos seus salários e do seu poder de compra ao longo das últimas décadas. Continua a não haver uma diferenciação significativa entre os vários níveis remuneratórios, as dotações nos equipamentos não estão adequadas às especificidades dos serviços, as avaliações de desempenho continuam com cotas e procedimentos injustos e, portanto, se efetivamente estão interessados em fazer reestruturação, podíamos começar, por exemplo, por criar critérios rigorosos nas nomeações para os cargos de direção", explica.
O dirigente sublinha ainda que a ajuda às pessoas, prestada pela Santa Casa, pode estar em causa. "Não fossem os trabalhadores, não fosse o seu profissionalismo, a sua dedicação, o orgulho em representar esta grande instituição, que é a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, não fossem os trabalhadores que estão no direto diariamente, nos turnos, em situações muitas vezes precárias, a adoecerem, e quem lá trabalha, estes 6000 trabalhadores, não fossem estas características, esta dedicação a esta grande instituição que é a Santa Casa, já neste momento, em certos domínios estaria comprometida a prestação da Santa Casa aos utentes", acrescenta.
Já o jornal Nascer do Sol escreve que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai vender o Hospital da Cruz Vermelha, a Clínica de Chelas e a participação na CUF de Belém.
O plano é para ser aplicado em três anos, até 2027, e um dos objetivos é "melhorar a eficiência" da instituição.
