"São eleitoralistas." Sindicato acusa partidos de direita de "empolar" número de imigrantes em Portugal
O Sindicato dos Trabalhadores da Migração diz que o número avançado pelo Governo está errado, "mas interessa dar o maior número possível para dizer que as coisas estão muito mal”
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O Sindicato dos Trabalhadores da Migração (STM) considerou este sábado que os números de estrangeiros em Portugal “estão um pouco empolados”, acusando a direção da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) de mostrar um trabalho que não é seu.
"Estes números são de eleitoralistas, sem dúvida. É atirar um número para o ar e depois 'seja o que Deus quiser', porque fica bem na fotografia que temos muita imigração e que estamos a ser invadidos por imigrantes", afirmou Manuela Niza, dirigente do STM, comentando o relatório intercalar da recuperação de processos pendentes divulgado esta semana.
Questionada sobre o verdadeiro número de imigrantes, a dirigente disse: "Não temos números reais à dezena. Sabemos que, neste momento, os números de imigração não ultrapassam 1,5 milhões e ficam aquém desse número."
Manuela Niza considerou que há uma "intenção" dos partidos políticos, nomeadamente à direita, de "empolar" a situação.
As criticas estendem-se à direção da AIMA que, para a sindicalista, reina o caos "por falta de gestão". "Preocupa-me que não há conhecimento, nem estratégia. A AIMA nasceu torta, para não funcionar", defendeu.
A confusão é de tal forma que nem sabemos por onde pegar.
As autoridades portuguesas estimam em 1,6 milhões o número de estrangeiros residentes em Portugal em 2024, de acordo com o relatório divulgado na terça-feira.
Segundo o documento, no final de dezembro de 2024 estavam registados 1.546.521 cidadãos estrangeiros em Portugal, um valor que "deverá ser corrigido em alta, previsivelmente em mais 50 mil", quando for concluído o tratamento dos pedidos de regularização ao abrigo do 'regime transitório' criado pela Assembleia da República.
Este regime abria a porta à regularização de quem estava já em território nacional antes de 3 de junho de 2024, data em que foi eliminada a figura da manifestação de interesse, um recurso jurídico que permitia a obtenção do cartão de residente por quem tivesse descontos tributários, apesar de ter entrado com visto de turismo.
"Estima-se que, com esta revisão, o número de estrangeiros em Portugal em 2024 seja de cerca de 1.600.000", refere o relatório, salientando que o trabalho da Estrutura de Missão para a Recuperação de Processos Pendentes na AIMA implicou "uma correção estatística ao número de cidadãos estrangeiros em Portugal nos anos anteriores a 2024".