São João de Braga dá visibilidade ao Projet´arte. Mais de 3 mil crianças tocam cavaquinho
Só este ano, o projeto "O Cavaquinho na escola" contou com 408 crianças inscritas. Durante a semana, estes pequenos artistas tiveram apresentações diárias na Praça do Município.
Corpo do artigo
Por estes dias, quem passou pela Praça do Município, em Braga, não ficou indiferente ao projeto "O Cavaquinho na escola", inscrito no Plano Nacional das Artes. Este instrumento de quatro cordas faz parte da identidade da cidade dos arcebispos e do São João, que se diz, o mais antigo de Portugal.
Durante os 10 dias de programação das festas sanjoaninas é já tradição ocorrer o Festival Braga Capital do Cavaquinho, visto que foi nesta região do Minho que nasceu, é aqui que se concentra o maior número de instrumentistas e deu origem, por exemplo, ao ukelele do Havai, entre outros, do Brasil e Cabo Verde. É também em Tebosa que se encontra o único Museu de Cordofones Tradicionais.
TSF\audio\2023\06\noticias\23\vanessa_batista_cavaquinho_na_escola
Há 23 anos, nasceu a Projet´arte, uma associação que pela mão de José Rego, hoje diretor-geral, pretende não só dar outra dignidade aos instrumentos que não chegaram ao conservatório, como fazer com que não caiam no esquecimento como é o caso da rebeca.
Semelhante a um violino, "era fundamental nos ranchos folclóricos", mas hoje em dia, José Rego conhece apenas quatro pessoas que tocam este instrumento.
Há cinco anos, nasceu o projeto "Cavaquinho na escola", implementado em mais de uma dezena de estabelecimentos de ensino do concelho. Só este ano, foram 408 os alunos que aprenderam a tocar cavaquinho num total de mais de 3 mil.
No Colégio de São Caetano, onde a associação está sediada, além da formação musical são construídos instrumentos e, o grande desafio em mãos atualmente, passa por "estruturar o plano curricular do cavaquinho e criar métodos de aprendizagem que não existem".
Um dos problemas que enfrentam é a falta de formadores para as escolas, visto que o interesse tem vindo a crescer. A associação já recebeu pedidos de Melgaço. José Rego lamenta que persista um preconceito nos conservatórios em torno da música tradicional portuguesa, pois nunca disponibilizaram formação quer em cavaquinho quer em viola braguesa.
"Estes instrumentos têm de ser preservados porque se não é um pedaço da nossa cultura, da nossa identidade, que desaparece", alerta José Rego.
Durante toda a semana, na Praça do Município, ouviram-se as quatro cordas do cavaquinho entoar canções como "Alecrim" ou as "Três Pombinhas". De camisola branca e lenço vermelho ao pescoço, rodeados da típica decoração sanjoanina, os pequenos tocadores, que ao longo deste ano letivo tiveram formação musical, demonstraram ter a lição bem estudada.
João e Maria, de 7 e 8 anos, respetivamente, sabem que Braga é o berço do cavaquinho e que urgente dar palco a este instrumento de cordas, pois caso contrário irá desaparecer.
Assim como o João e a Maria, também a Iris e o Dinis desconheciam o cavaquinho até o projeto chegar à escola. Hoje, a resposta é unanime. Querem continuar a aprender, pois é um instrumento "divertido e fácil de tocar".
A Projet´arte disponibiliza cavaquinhos para todos os alunos. No final do ano letivo, os instrumentos são recolhidos e reparados para, em setembro, voltar a levar música e tradição aos agrupamentos de escolas de Braga.
As festas do São João de Braga contam com um orçamento de 400 mil euros. Esta sexta-feira, pelas 10h00, está prevista a abertura oficial das festas sanjoaninas com diversos grupos de animação do Cortejo da Mordomia. Serão ecoados os hinos de Braga e do São João, trazidos à vida por bandas filarmónicas, o Orfeão de Braga e Coro Académico da Universidade do Minho.